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Coreia do Norte acrescenta mais elementos ao debate nuclear no EUA

Coréia do Norte armas atômicas

Para complicar a vida do governo Americano, a Coreia do Norte se prepara para lançar um míssil de longo alcance no próximo mês de outubro.

A ideia do ditador juvenil Kim Jong-Un é marcar a comemoração pelos 70 anos do Partido dos Trabalhadores do país. A informação sobre o projeto é especialmente delicada em função das inevitáveis comparações entre o acordo nuclear iraniano e as frustradas tentativas de enquadramento do programa atômico norte-coreano.

Em 1994, o ex-presidente americano Bill Clinton acreditou ter encontrado uma saída, elaborando termos gerais para um acordo nuclear com a Coreia do Norte.

Os americanos chegaram a ajudar o país na construção de dois reatores de água leve que poderiam ser usados para produção de energia nuclear, mas não de armamento. Em troca, os coreanos se comprometiam a interromper o projeto de armamento atômico.

Oito anos depois, em 2002, Washington descobriu que os norte-coreanos continuavam a enriquecer urânio e, Já sob administração do ex-presidente George W. Bush, os EUA passaram a pressionar a Coreia do Norte.

No ano seguinte, o país decidiu deixar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, mas a comunidade internacional retomou negociações.

As Conversas de Seis Lados (Em inglês, “Six-Party Talks”) foram realizadas entre Coreia do Norte, Japão, Rússia, Coreia do Sul e EUA, mas não renderam resultados práticos porque os norte-coreanos não concordaram com o processo de verificação de suas instalações.

Dois anos antes disso, em 2006, o país já havia conduzido seu primeiro teste nuclear. A estimativa é que já possua cerca de 20 ogivas.

Max Boot, do Council on Foreign Relations, escreve no Los Angeles Times que membros do exército americano acreditam que, em breve, os norte-coreanos serão capazes de instalar essas ogivas em mísseis capazes de alcançar a costa oeste dos EUA.

O regime que controla a Coreia do Norte é o mais fechado do mundo. O líder Kim Jong Un, filho do ditador Kim Jong-Il, é um rapaz de pouco mais de 30 anos de idade e cujo processo decisório é imprevisível. A situação iraniana é bem diferente.

O país tem um líder supremo, Ali Khamenei, mas o regime é sem a menor dúvida mais aberto. Há instituições consolidadas e seus aliados são conhecidos.

Seus planos de hegemonia regional também, da mesma forma como os caminhos que historicamente os iranianos têm optado para alcançar seus objetivos geopolíticos.

As diferenças em relação aos norte-coreanos são evidentes. Kim Jong Un não demostra qualquer interesse em participar do jogo internacional e despreza a diplomacia.

Depois da grande repercussão sobre as negociações com o Irã, deixou claro que não está disponível para dialogar sobre o projeto nuclear da Coreia do Norte nas mesmas bases; isso significa que não está disposto a reduzir suas ambições atômicas.

Do ponto de vista do governo americano, a ascensão nuclear norte-coreana representa um problema, principalmente agora.

Se já havia questionamento doméstico sobre o programa nuclear iraniano, a especulação de que Kim Jong Un teria desenvolvido mísseis capazes de atingir a Califórnia deixa a administração Obama vulnerável.

Os republicanos, principalmente, podem questionar as decisões estratégicas da Casa Branca. Se a Coreia do Norte é uma ameaça direta aos EUA, por que Obama não optou por priorizar a resolução deste problema?

Este é mais um elemento que poderá vir a alimentar a abordagem republicana não apenas durante a revisão do acordo com o Irã, mas principalmente na campanha presidencial do ano que vem.

Henry Galsky

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