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Embaixador russo aponta incoerências na ONU em imagens de cadáveres em Bucha: ‘Montagens’

O embaixador russo na Organização das Nações Unidas (ONU), Vasily Nebenzya, apontou, em sessão na organização nesta terça-feira (5), inconsistências nas fotos e vídeos feitos na cidade ucraniana de Bucha.

Ele chamou a atenção para a ausência de cadáveres nas ruas após a retirada das tropas russas.

Ele acrescentou que vídeos de radicais ucranianos andando pelas ruas de Bucha e convocando para atirar nos que usam braçadeiras brancas — “ou seja, civis” — foram salvos e registrados nas redes sociais.

Vocês viram os corpos, ouviram as histórias. Mas vocês só viram o que eles quiseram lhes mostrar. Vocês não podem deixar de ver as inconsistências gritantes na versão dos eventos promovida pela mídia ucraniana e ocidental.

Não havia corpos na cidade imediatamente após a retirada das tropas russas, como evidenciado por vários vídeos ao mesmo tempo”, disse Nebenzya.

As tropas russas deixaram Bucha na última quarta-feira (30), um dia após a rodada de negociações entre Moscou e Kiev na Turquia.

No domingo (3), autoridades ucranianas e os meios de comunicação internacionais veicularam diversas imagens de cadáveres de supostos civis — muitos deles algemados — espalhados pelas ruas de Bucha, na parte noroeste da região metropolitana de Kiev.

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O local estava sob controle das tropas russas durante o cerco a Kiev, que foi desfeito no dia 30 de março.

procuradora-geral da Ucrânia, Irina Venediktova, disse ontem (4) que as autoridades supostamente contabilizaram 410 corpos de civis assassinados na periferia de Kiev.

Entretanto o Ministério da Defesa da Rússia qualificou as fotos e os vídeos publicados como “montagens” e assegurou que, durante a estadia das tropas russas na região, “nenhum civil local sofreu qualquer tipo de agressão”.

O ministério russo, por sua vez, indicou que “os subúrbios da região, incluindo bairros residenciais, foram bombardeados nas últimas 24 horas por militares ucranianos com artilharia de grosso calibre, tanques e sistemas de foguetes de lançamentos múltiplos”.

Aleksandr Bastrikin, chefe do Comitê de Investigação da Rússia (principal autoridade investigativa do país), ordenou que as fotos e vídeos divulgados pelo governo ucraniano dos acontecimentos em Bucha sejam esquadrinhados e periciados.

Ele também indicou que, “segundo informações disponíveis”, o material foi divulgado para “desvirtuar a imagem dos militares russos”.

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O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, classificou a suposta matança de civis em Bucha como “montagem” que coloca em risco as tratativas de paz e de segurança internacional.

É cada vez maior a campanha de Kiev para tachar a Rússia como vilã em uma história muito mal contada.

Com a reprodução – e a conivência – da mídia ocidental, o capítulo deste domingo (3) pela versão ucraniana relata que forças russas promoveram um “massacre” na cidade de Bucha, a 25 km da capital.

A suposta denúncia foi feita por meio de diversos vídeos divulgados pelas autoridades e mídia ucranianas, onde aparecem centenas de corpos jogados ao chão pela cidade, alguns com sinais de tortura.

Porém, algumas imagens mostram vítimas com um lenço branco amarrado ao braço, um suposto símbolo de identificação de não agressão.

Vale destacar que os soldados russos também usam um lenço branco ou vermelho para se identificar no terreno, enquanto os soldados ucranianos utilizam um lenço azul ou amarelo. Depois da retirada das tropas russas de Bucha já surgiu um vídeo no qual um membro das tropas ucranianas durante a limpeza do perímetro pergunta aos companheiros “lá tem rapazes sem lenços azuis, posso atirar neles?” e recebe resposta positiva.

Em um dos vídeos, usuários também notaram que um dos “cadáveres” alegadamente retira o braço para não ser esmagado por rodas de veículos militares ucranianos.

Especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil sobre a situação questionaram a versão apresentada por Kiev e criticaram a postura da mídia ocidental na cobertura do conflito.

A professora Isabela Gama, especialista em teoria das relações internacionais e em segurança e pesquisadora pós-doutoranda da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), afirma que “muitas peças não se encaixam na história”.

“Por que os militares russos deixariam corpos de vítimas de tortura à mostra de todos em um cenário que não está nem um pouco favorável à Rússia?

E não faz sentido isso vir a público hoje, e ninguém ter visto antes [os corpos nas ruas]”, avaliou Gama.

A pesquisadora levanta a hipótese de que a Ucrânia pode estar buscando “forçar uma intervenção internacional” no país.

Neste caso, as negociações diplomáticas que correm em paralelo poderiam apenas servir como forma de ganhar tempo enquanto se tenta criar um clima de terror para viabilizar apoio militar mais amplo.

“Me parece mais uma guerra de narrativa, não é a primeira e, possivelmente, não será a última”, alertou.

O capítulo mais famoso desde o início da operação militar, anunciado como verdade por Kiev, foi o caso da “grávida de Mariupol”, alçado ao posto de símbolo da crueldade russa na Ucrânia pela mídia ocidental.

Na realidade, Marianna Vyshemirskaya, uma blogueira de moda da cidade de Mariupol, contou que não houve ataque aéreo à maternidade onde ela e outras grávidas estavam. O que se ouviu, segundo seu relato, foram explosões, antes de o prédio ser atingido.

Na ocasião, os russos ainda tentavam entrar na cidade e a mídia divulgou que o prédio havia sido alvo de ataque aéreo. Uma verdaddeira montagem já comprovada.

Sputnik

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