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Ex-presidente do Iêmen morre após ser alvo de ataque

Imagem de fevereiro de 2011 mostra Ali Abdullah Saleh durante marcha de aliados em seu apoio na capital do Iêmen, Sanaa (Foto: Khaled Abdullah/Reuters)

O Ministério do Interior do Iêmen, controlado por rebeldes houthis, anunciou nesta segunda-feira (4) a morte do ex-presidente Ali Abdullah Saleh em sua tentativa de deixar a capital do país, Sanaa. Aliados de Saleh e o partido oficial do Iêmen confirmaram a informação, de acordo com as agências internacionais.

A casa de Saleh em Sanaa havia sido alvo de um ataque mais cedo nesta segunda-feira, mas os relatos sobre o local de sua morte divergem. Vídeos que supostamente mostram seu corpo enrolado em um cobertor sendo carregado por pessoas a céu aberto foram publicados em redes sociais, mas a autenticidade dos registros não foi confirmada.

Saleh, que abandonou a presidência do país em 2012, foi aliado dos houthis durante três anos na guera civil iemenita, contra uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita. O ex-presidente havia rompido oficialmente com o grupo no último sábado (2).

No sexto dia de combate urbano pesado na capital, os houthis, alinhados com o Irã, ganharam espaço na disputa com os apoiadores do ex-presidente.

Nesta segunda-feira, a coalizão saudita realizou novos bombardeios aéreos contra Sanaa. Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, 125 pessoas morreram e 238 ficaram feridas nos conflitos da capital nos últimos dias.

Ali Abdullah Saleh, foi presidente do Iêmen do Norte (como era reconhecida a República Árabe do Iêmen) de 1978 até a unificação com o Sul, em 1990. Ele permaneceu no comando do país ao longo de duas décadas. Durante o período, o líder se notabilizou por um estilo maquiavélico de comando, com a formação de alianças de ocasião, inclusive com antigos oponentes.

Atentado e renúncia

Em 2011, durante a Primavera Árabe, os protestos contra seu governo cresceram, e Saleh chegou a ser alvo de um ataque a bomba que matou diversos de seus gurada-costas e o deixou ferido. Ele deixaria oficialmente a Presidência, em fevereiro de 2012, para seu vice e então aliado, Abdrabbuh Mansur Hadi – com o qual romperia.

Com um governo fraco, insurgentes houthis, em sua maioria xiitas, tomaram a capital em 2015 com o apoio de Saleh, um antigo adversário. Hadi conseguiu fugir e estabeleceu-se em Aden, no sul do país.

Desde a intervenção saudita, que apoia Hadi, mais de 8.000 pessoas foram mortas em combates, incluindo milhares de civis, segundo a ONU. Os bombardeios aéreos apoiados por Riad são alvo de críticas de diversas organizações internacionais.

O conflito, somado a um bloqueio imposto pelos sauditas, tem causado uma das maiores emergências humanitárias do mundo, incluindo um surto de cólera que pode ter matado 2.000 pessoas desde abril.

Por G1

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