O Ocidente continua fornecendo às Forças Armadas ucranianas armamento que eles usam contra as tropas russas, mas essas armas são eficazes o suficiente para prevalecer no campo de batalha?
O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, elogiou recentemente as características de desempenho das defesas aéreas dos EUA e da Alemanha — o Patriot e o IRIS-T, respectivamente — que foram fornecidos anteriormente a Kiev como parte da assistência militar do Ocidente à Ucrânia.
Zelensky argumentou que esses sistemas estavam se mostrando “altamente eficazes” e “já haviam produzido resultados significativos” ao derrubar 65 mísseis russos de vários tipos e 178 drones de assalto russos.
Por outro ângulo
O Ministério da Defesa da Rússia (MD) divulgou no início deste mês um vídeo da destruição do sistema IRIS-T pelo drone kamikaze Lancet-3, algo que também foi relatado por uma agência de notícias militar dos EUA.
O IRIS-T foi destruído em meio à contraofensiva da Ucrânia, que o MD russo disse ter falhado em todas as frentes.
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Os desenvolvimentos foram precedidos pelo míssil hipersônico russo Kinzhal, destruindo com sucesso cinco lançadores do sistema Patriot da Ucrânia em maio.
Uma fonte bem informada foi citada pela Sputnik dizendo que o Patriot “foi repentinamente atingido por uma emboscada aérea” pelo jato de combate MiG-31 carregando o míssil Kinzhal, e que “as equipes de combate do inimigo não puderam fazer nada para proteger o sistema antiaéreo”.
Para entender a eficácia real das defesas aéreas mencionadas acima, deve-se primeiro ter em mente que as Forças Armadas Russas realizam ataques de mísseis “combinados” contra a infraestrutura militar da Ucrânia, disse à Sputnik o historiador militar e comentarista político Yury Knutov, baseado em Moscou.
O que são ataques combinados?
Knutov explicou que tais ataques estipulam que as forças russas primeiro usam mísseis simples e “baratos” junto com veículos aéreos não tripulados (UAVs, na sigla em inglês) ou drones.
O objetivo é esgotar as defesas aéreas ucranianas, incluindo os Patriots e os IRIS-Ts em termos de número de interceptadores de mísseis ou mísseis antiaéreos.
“Ou seja, nós [militares russos] lançamos primeiro, por exemplo, os mísseis Kh-55, que estão sujeitos a descomissionamento e foram planejados para descarte.
Em vez disso, lançamos esses mísseis para estimular o inimigo a usar seus próprios interceptadores caros [Patriot ou IRIS-T] para destruir os Kh-55s”, disse ele.
O mesmo vale para UAVs russos, acrescentou. Segundo o especialista, em primeiro lugar, “drones russos relativamente baratos” são lançados para que o inimigo possa usar os mesmos interceptadores caros para destruir esses veículos.
Tudo isso é seguido pelo “próximo escalão de mísseis russos, incluindo o Kalibr, o X-555 e o X-101, que já estão trabalhando diretamente nos próprios alvos ucranianos”, observou Knutov.
Ele ressaltou que nem os sistemas de defesa aérea dos EUA nem os da Alemanha são capazes de enfrentar os mísseis balísticos de curto alcance Iskander da Rússia.
‘O diabo mora nos detalhes’
Quando questionado sobre a eficácia dos Patriots e dos IRIS-Ts como tal, o especialista russo observou que “se considerarmos o número total de alvos derrubados por essas defesas aéreas, pode ser bastante massivo, para que possamos nos referir, compreensivelmente, para a alta eficiência desses sistemas.”
Ainda assim, nada é tão simples quanto pode parecer à primeira vista, de acordo com Knutov.
“Se subtrairmos desse número de UAVs e mísseis russos o número de peças realmente designadas para destruir o alvo ucraniano e subtrairmos o número de drones e mísseis projetados para enganar o inimigo, então a eficácia dessas sistemas de defesa da OTAN acaba sendo extremamente baixa”, enfatizou.
Sputnik