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May tenta aprovar acordo do Brexit pela terceira vez.

Premiê britânica, Theresa May Foto: Frederick FLORIN / AFP

Os deputados britânicos votam pela terceira vez nesta sexta-feira, dia em que o Reino Unido deveria sair da União Europeia, sobre o acordo Brexit negociado pela primeira-ministra Theresa May, que colocou seu cargo em jogo para obter apoio dos parlamentares.

“Hoje é 29 de março. Hoje foi o dia em que esta Câmara votou há alguns anos que deveríamos deixar a União Europeia, e ainda hoje estamos onde estamos”, disse o procurador-geral, Geoffrey Cox, na abertura de cinco horas de debates.

O tempo é curto: depois de aceitar um curto adiamento na data de partida, a UE advertiu que se Londres não adotar o acordo esta semana, não poderá se beneficiar da prorrogação até 22 de maio e deve apresentar um plano alternativo antes de 12 de abril.

“Portanto, esta é a última oportunidade de tirar proveito de nossos direitos legais”, disse Cox, conclamando os legisladores, que já rejeitaram o acordo em voz alta duas vezes, a dar um passo histórico para o país, encerrando 46 anos de adesão ao bloco europeu.

O presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, aprovou na quinta-feira que os deputados votassem de novo o acordo de divórcio.

“A moção é nova, substancialmente diferente”, disse Bercow ao Parlamento, depois que o governo de Theresa May propôs debater apenas o Acordo de Saída assinado com Bruxelas, e não a declaração política sobre o futuro relacionamento entre as duas partes que normalmente o acompanha.

Para ter esperanças de que o texto seja aprovado, May precisa convencer pelo menos 75 de seus próprios legisladores rebeldes. Muitos deles pediram que a premiê deixe o governo e a negociação com Bruxelas.

Na quarta-feira, apostando sua última carta, May prometeu renunciar assim que o país deixar a UE.

A estratégia conseguiu convencer alguns dos críticos mais ferozes do acordo, confrontados agora à possibilidade de que o país, mergulhado no caos político pela incapacidade de chegar a uma conclusão, termine negociando um Brexit mais suave, ou convocando um segundo referendo.

Entre eles, o ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson, que renunciou em 2018 por sua oposição à maneira como May conduzia as negociações com a UE e que, desde então, tornou-se um de seus principais rivais.

May ainda precisa convencer especialmente o partido unionista norte-irlandês do DUP, de cujos dez deputados depende sua maioria parlamentar.

O DUP considera inaceitável o chamado “bacsktop” irlandês, o ponto mais controverso do acordo, um mecanismo de último recurso para impedir a restauração de uma fronteira dura na ilha da Irlanda que colocaria em risco o frágil acordo de paz de 1998.

O partido anunciou na quarta-feira que rejeitaria mais uma vez o texto.

O acordo, com o qual May espera encerrar 46 anos de integração britânica na UE, é um calhamaço de 585 páginas, 185 artigos e 3 protocolos.

Inclui, entre outras questões, os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido e vice-versa, a conta de 39 bilhões de libras que Londres deve pagar e o polêmico “backstop”.

Prevê também um período de transição, até o final de 2020, mas que poderá ser prorrogado por um período máximo de dois anos, para que as empresas e os governos tenham tempo para fazer as adaptações necessárias.

Esse período será necessário também para que Londres e Bruxelas possam negociar os termos de sua futura relação nas áreas de comércio, política externa, ou cooperação policial.

AFP

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