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O Presidente Trump pareceu sério em sua intenção de sair do Afeganistão

foto: divulgação

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parece “sério” em sua intenção de deixar o Afeganistão, afirmou nesta sexta-feira um porta-voz dos talibãs.

“Trump parece sério em suas palavras e tem que ser porque manter as tropas americanas no Afeganistão é prejudicial tanto para os Estados Unidos como para o Afeganistão”, afirmou em enrevista à AFP o porta-voz talibã Zabihullah Mujahid.

“Foi alcançado um acordo de princípio nas últimas negociações em Doha […] que, se for aplicado, se os americanos adotarem medidas honestas e as respeitarem fielmente, então, se Deus quiser, esperamos que os americanos deixarão de ocupar o Afeganistão”, acrescentou.

No próximo dia 25 de fevereiro, os representantes dos Estados Unidos e os talibãs se reunião de novo para negociar no Catar, onde os rebeldes têm um escritório político, indicou Mujahid.

O emissário americano Zalmay Khalilzad disse esta semana que existe um esboço de acordo em Doha, mas advertiu que “ainda há muito trabalho”.

“Uma guerra de quarenta anos não será resolvida em um único encontro”, escreveu ele no Twitter.

Segundo o oficial do Talibã, o primeiro objetivo dos insurgentes é a retirada das forças estrangeiras.

“Em segundo lugar, queremos estabelecer um sistema islâmico”, disse ele, enfatizando que os talibãs tentarão conseguir isso através de “contatos e negociações com diferentes facções políticas, mesmo que tenham recebido o apoio dos invasores até agora”.

Se o governo de Cabul não se opuser, “está claro que a guerra e o conflito não serão necessários”, acrescentou.

Até agora, os talibãs recusam-se a negociar com as autoridades em Cabul, que descrevem como “fantoches” de Washington, apesar dos repetidos apelos feitos pelo presidente Ashraf Ghani a esse respeito.

Apesar disso, o Talibã não buscará “um monopólio do poder”, segundo Mujahid.

“Se Deus quiser, todos os afegãos, incluindo as diferentes facções políticas, poderão participar do futuro sistema islâmico”.

Segundo o porta-voz, esse sistema “se baseia no princípio da shura”, com um conselho de ulemas (líderes religiosos) e especialistas que tomarão as decisões.

“Os representantes do povo e os especialistas também contribuirão para elaborar o sistema”, acrescentou.

Zabihullah Mujahid admitiu, por outro lado, que o Talibã teve “muitos problemas econômicos, sociais e de segurança” quando ocuparam o poder, entre 1996 e 2001.

Tampouco conseguiram manter uma separação estrita entre homens e mulheres em seus locais de trabalho, um problema porque a mistura “não é autorizada pela sharia”.

Durante seu regime, governado pela sharia (lei islâmica), as mulheres eram confinadas em suas casas e obrigadas a estar sempre acompanhadas por um homem e a usar uma burca quando saíam para a rua.

Meninas eram proibidas de receber educação e as mulheres não podiam trabalhar, exceto em alguns setores, como medicina.

Mas agora Mujahid diz que o Talibã “não se opõe à educação de meninas”.

“Tentamos oferecer um ambiente seguro para a educação e o trabalho das mulheres, se Deus quiser, tudo o que é permitido pela sharia será permitido”, acrescentou.

Muitas mulheres afegãs com quem a AFP falou temem que um acordo de paz negociado com o Talibã possa forçá-las a renunciar aos seus direitos novamente.

JB

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