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Os desastres naturais ameaçam ‘outros Bali’ da Indonésia

foto: divulgação

Com suas praias, seu vulcão no horizonte e seu santuário para rinocerontes, Tanjung Lesung, na Indonésia, aspira a ser um “novo Bali”, mas os desastres naturais podem pôr fim à sua ambição.

O tsunami que no mês passado deixou mais de 400 mortos na costa do estreito de Sonda põe em xeque o futuro econômico desta e de outras regiões que querem alavancar o turismo.

Em Tanjung Lesung, o tsunami chegou à noite, sem avisar, após parte da cratera do vulcão Anak Krakatoa ter desabado no oceano em decorrência de uma erupção.

Mais de 100 pessoas que estavam no hotel Tanjung Lesung Beach morreram, e outros estabelecimentos foram devastados, incluindo os bangalôs da praia.

O ministro indonésio do Turismo, Arief Yahya, ordenou que a cidade volte a ser reconstruída em um prazo de seis meses.

“As catástrofes podem acontecer em qualquer lugar da Indonésia”, disse o ministro à AFP, em uma visita recente à cidade.

“São necessários sistemas de alerta de tsunamis, sobretudo, nas zonas turísticas.

E vamos instalá-los”, garantiu.

Diferentemente daqueles provocados por terremotos, os tsunamis provocados por vulcões deixam muito pouco tempo para as autoridades alertarem a população.

Este foi o caso do último tsunami, detectado apenas quando a onda já havia chegado à costa de Java e Sumatra.

“Agora, será ainda mais difícil a promoção [do turismo na região], porque os edifícios estão destruídos, e o vulcão é mais ativo”, afirma Tedjo Iskandar, um especialista em turismo que trabalha em Jacarta.

No ano passado, pelo menos 42% dos 14 milhões de turistas estrangeiros que viajaram para a Indonésia foram para Bali. Esse fluxo significou uma receita de US$ 17 bilhões.

O objetivo é atrair os investidores de China e Singapura, entre outros, para chegar a 20 milhões de turistas anuais.

Na lista também estão o templo de Borobodur, a ilha paradisíaca de Belitung, a ilha de Lombok, o Lago Toba, em Sumatra, o espetacular vulcão Bromo, ou o parque nacional Komodo, onde vivem os famosos dragões.

O tsunami pode pôr esses planos de investimento em risco, como no caso dos US$ 4 bilhões previstos para Tanjung Lesung.

Lombok também se viu afetada este verão por um sismo que deixou mais de 500 mortos e levou a uma fuga em massa dos turistas. Semanas antes, o naufrágio de uma balsa no lago Toba havia deixado cerca de 200 mortos e desaparecidos.

E, em maio, Surabaya, a segunda cidade do país, foi palco de vários atentados suicidas reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).

No final de 2017, o vulcão Agung voltou a entrar em atividade e deixou milhares de turistas bloqueados em Bali.

No segundo semestre de 2018, o número de turistas na Indonésia despencou, em consequência dos terremotos em Lombok, de um sismo e de um tsunami nas ilhas Célebes, assim como de um acidente de avião da Lion Air, em um voo Jacarta-Pangkal Pingang, uma localidade de passagem para os turistas que vão a Belitung.

O acidente deixou 189 mortos.

A Indonésia é um dos países do mundo com mais catástrofes naturais, porque se encontra no chamado Cinturão de Fogo do Pacífico. Esta é uma zona de forte atividade sísmica e vulcânica.

As catástrofes mais recentes são a prova da falta de preparação frente ao risco de catástrofes naturais.

Na cidade de Palu, a mais afetada pelo sismo e pelo tsunami nas Célebes, os sistemas de alerta de tsunami não funcionavam desde 2012 por falta de orçamento, ou de problemas técnicos.

JB

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