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A literatura jurídica de Cunha ajudou Rosa Weber a não dar liminar contra grana de empresas?

Como se sabe, a Ministra Rosa Weber negou a liminar contra a PEC do financiamento privado das candidaturas, aprovada numa “segunda época” de votação pra lá de capciosa, por artes de Eduardo Cunha.

A Ministra é aquela que disse que não precisava de provas cabais para condenar José Dirceu, pois “a literatura jurídica” assim o permitia.

Sobre esta decisão, que não impedirá o julgamento de mérito, convém recordar que, pelo que escreveu semana passada  o insuspeito Lauro Jardim, da Veja,  o tipo de “literatura jurídica” que Cunha fez chegar à ministra foi um grosso e alto volume de ameaças, na base do “vai ter troco” se acaso tivesse dado a liminar.

Vejam que mimo os métodos, segundo Jardim, de convencimento do presidente da Câmara:

O audacioso Cunha

Lauro Jardim

Eduardo Cunha exerceu ontem, mais do que nunca, o seu lado “Dom Eduardo I, o imperador”.

Ousado como poucos, Cunha mandou um recado para a ministra do STF Rosa Weber, relatora do mandado de segurança impetrado por 63 deputados, em que se pede a anulação da votação da Câmara que aprovou o financiamento empresarial de campanhas.

Por meio de um ministro do STF (Cunha é atrevido, repita-se), ele disse que se Rosa deferir a liminar, “vai ter troco”.

Cunha argumentou, com ênfase e gesticulando muito, que uma decisão neste sentido seria uma interferência indevida em assuntos do Legislativo. Não precisou dizer que o tal “troco” que promete dar seriam projetos de interesse do Judiciário que ele poderia engavetar.

Hoje, um dia depois da ameaça, Cunha irá conversar com Rosa Weber. Imagina-se que não falará neste tom – até porque mandou a mensagem malcriada na véspera tendo como portador um colega da ministra.

O ministro com quem Cunha conversou, aliás,  está indignado com o tom empregado por ele.

Como de hábito, Cunha tentará negar via Twitter a ameaça feita ontem. É uma característica marcante de Cunha, aliás, negar, negar, negar sempre. Em breve, é capaz até de negar o próprio nome de batismo.

A propósito, reconheça-se a mais uma a vez audácia do presidente da Câmara: ele é capaz de confrontar até magistrados que poderão julgá-lo, caso as investigações da Lava-Jato avancem sobre ele.

                                                                                                                                                                                        Fernando Brito

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