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CPI da Covid: as perguntas que o ministro Marcelo Queiroga deixou de responder

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga , presta depoimento à CPI da Covid

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga , presta depoimento à CPI da Covid nesta quinta (6/5), mas até agora não respondeu às perguntas centrais dos senadores sobre as ações do governo federal no combate à pandemia .

Em questões envolvendo a compra de vacinas, legislação e uso da hidroxicloroquina, o cardiologista — que assumiu o ministério em março — repetiu diversas vezes que não era capaz de responder a certas perguntas dos senadores.

Queiroga se recusou a responder se concorda com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o uso da hidroxicloroquina para tratar o coronavírus.

“Essa é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS). O ministro é a última instância na Conitec, então eu vou precisar me manifestar tecnicamente”, afirmou o ministro, que disse não ter recebido nenhuma orientação direta do presidente sobre o assunto.

Apesar da insistência do relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), o ministro não deu sua opinião e pediu que entendessem sua opção de não responder.

O fato do presidente ter incentivado publicamente o uso da cloroquina e de outros medicamentos cuja eficácia contra o coronavírus não é comprovada é um dos pontos centrais sob investigação na comissão.

Sob a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde implementou a distribuição dos medicamentos sem comprovação, conhecidos como “tratamento precoce”, e incluiu a cloroquina no protocolo de tratamento do SUS.

Até janeiro de 2020, o governo já tinha gasto quase R$ 90 milhões com a compra de medicamentos do ‘”tratamento precoce”.

Questionado novamente pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) se concorda com o uso do medicamento, o ministro continuou sem responder.

“O senhor é ministro há 42 dias, o senhor não tem uma opinião?”, questionou Jereissati.

“Eu tenho opinião sobre isso, mas ela será manifestada em um momento oportuno”, afirmou Queiroga.

“Está sendo elaborado um protocolo e eu sou última instância decisória, se eu manifesto uma opinião aqui eu invalido a decisão.”

O ministro também respondeu que ele não autorizou a distribuição de cloroquina durante sua gestão e que não sabe se o Ministério da Saúde tem distribuído o medicamento.

Compra de vacinas
O governo recusou pelo menos 11 propostas de compras de vacinas de diversos fabricantes desde o início da pandemia, e o atraso do início da vacinação no Brasil também é um dos pontos principais dos senadores durante a CPI.

Renan Calheiros lembrou que o presidente afirmou em 2020 que não iria comprar vacinas antes da aprovação da Anvisa, mas em 2021 o ministério fez acordos de compra da vacina Sputnik V, que depois não teve o uso aprovado pela agência regulatória.

“A legislação brasileira proíbe o fechamento de contrato de vacinas antes da aprovação da Anvisa”, questionou Calheiros.

“Não tenho conhecimento específico em relação à legislação, eu sou médico”, afirmou Queiroga.

 

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