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Políticos brasileiros fazem da mentira instrumento de poder/ Por Sérgio Jones

A mentira e a desfaçatez sempre se fizeram presentes na vida pública brasileira, nos dias atuais ela se intensificou, tornando-se em uma prática comum. Fato que evidencia essa realidade foi o discurso feito pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em que cinicamente ocupou a mídia nacional para divulgar que a decisão da Casa pela manutenção da prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) é um marco no comportamento do Legislativo e fortalece a harmonia entre os Poderes.

Conversa fiada, a manutenção do celerado deputado na prisão obedece a outros propósitos. Entregou os anéis para não perder os dedos. Parte dos congressistas tem o rabo preso na justiça, inclusive o Lira, presidente da Câmara dos Deputados Federais.

No momento, bater de frente e desafiar o Supremo Tribunal Federal (STF), não seria uma medida inteligente, seria fatal. O silêncio sepulcral mantido pelo obtuso presidente da república, Jair Bolsonaro, com relação a prisão do meliante e correligionário político é explicável, passa pela mesma situação, ele tem a cabeça dos filhos na bandeja perante a justiça, qualquer ato de rebeldia seria considerado de pouca ou nenhuma prudência. Como sentencia um sábio ditado popular: “Quem tem… tem medo”.

Silveira está detido desde terça-feira (16) no âmbito de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga notícias falsas (fake news), calúnias, ameaças e infrações contra o tribunal e seus membros. Foram 364 votos pela manutenção da prisão do parlamentar.

Lira concedeu entrevista coletiva após a sessão. E anunciou de forma estapafúrdia a criação de uma comissão extraordinária pluripartidária para discutir propostas que regulamentem a inviolabilidade do mandato parlamentar. Segundo ele, será um debate transparente e com a participação de todos.

Para ele, o momento atual é ideal para essa discussão. Enquanto no entendimento do povo brasileiro não se pode mais continuar e conviver com a indecência moral existente no Congresso, onde Impunidade é confundida com imunidade parlamentar.

Caso que muito bem explicita essa situação é o da deputada criminosa Flordelis (PSD-RJ), entre tantos outros existentes.

De acordo com o presidente da Casa, a comissão já vai começar a funcionar logo e apresentará de imediato propostas para serem debatidas e votadas nas próximas semanas.

Ele garante que o objetivo é atualizar e regulamentar o artigo 53 da Constituição que trata das prerrogativas do Poder Legislativo. Só esperamos que a emenda não seja pior do que o soneto.

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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