Sabia-se, desde sempre, que o Brasil, eternamente em desenvolvimento, é o campeão da concentração de renda no mundo. Mas, nem mesmo os poderosos, nas mãos dos quais a renda brasileira está concentrada, tinham a verdadeira dimensão desta realidade. De repente, nosso Planeta sofreu um solavanco aterrorizante, como se tivesse parado seu movimento de rotação.
O mundo parou com a pandemia do novo coronavírus. A Covid-19, em termos de riscos à saúde, igualou a todos nos quatro cantos da Terra, independentemente de etnias, cor da pele, religião, classes sociais ou ideologias.
Sem vacinas para impedir a entrada do vírus no organismo humano e sem medicamentos para neutralizar seus efeitos funestos, a humanidade só tinha uma solução: o isolamento social para diminuir o número de infectados e consequentemente o menor número possível de perdas de vidas humanas.
Infelizmente, o isolamento ou distanciamento social, como queiram, não podia e nem pode ser “ad eternum”. Afinal, as pessoas, antes de tudo, precisam se manter, se alimentar, e para isso a maioria necessita trabalhar e fazer a engrenagem da Economia funcionar em benefício de todos.
Aqui em nosso país, então, que já vinha de uma inaceitável estagnação econômica, com altas taxas de desemprego e incomensurável número de trabalhadores “precarizados” e informais, a difícil situação tomou ares de tragédia.
Para constrangimento, perplexidade e indignação da sociedade brasileira, ainda que se louve a atitude do Congresso Nacional em votar o Auxílio Emergencial, a maneira como o pagamento desse benefício foi instrumentalizado causou uma forma de contágio inevitável em grande número de brasileiros necessitados.
As ruas, as praças e avenidas das cidades brasileiras amontoaram-se de pessoas, sem qualquer organização digna deste nome, e grande parte dessa gente, depois de horas de espera, passava pela dolorosa frustração resultante de seus nomes não constarem da relação dos favorecidos. Ficaram os responsáveis devendo uma melhor gestão aos beneficiários.
Compete, neste trágico momento da historia da humanidade, por um dever institucional ou mesmo por um sentimento de compaixão, aos Estados Nacionais socorrerem, primordialmente, as pessoas, os indivíduos mais necessitados, os alijados para as periferias das grandes metrópoles pela selvageria da urbanização capitalista, enfim, os eternos invisíveis.
Da mesma maneira, por todos os meios possíveis, é dever dos governantes dos países do mundo inteiro ajudar especialmente as micros, pequenas e médias empresas, para que estas possam cumprir seu inarredável papel de fazer girar, também, a roda da Economia.
Por fim, fica evidenciado para os ideólogos do “Estado Mínimo”, que somente o Estado, organizado como tal e objetivando o bem-estar social, tem poderes suficientes para enfrentar de maneira eficaz as grandes mazelas de nosso atual estágio civilizatório.
Osvaldo Ventura