Começa nesta terça-feira a segunda edição do Porto Alegre Noir, com realização das produtoras Fio e Cine UM, mais Cesar Alcázar, na Cinemateca Capitólio (Demétrio Ribeiro, 1.085). O evento cultural temático dedicado à literatura policial e ao cinema de inspiração noir segue com diversas atrações até domingo.
Durante seis dias, a Capital respira mistério, investigação e suspense com as histórias dos romances policiais e os clássicos filmes do gênero. O objetivo da iniciativa é reverenciar um dos gêneros de literatura e cinema mais cultuados por fãs e admiradores de todas as idades, geração após geração.
“O Porto Alegre Noir surgiu a partir da constatação de que a literatura policial e o cinema noir possuem uma legião de fãs que dialogam, sem preconceitos, entre as duas formas de manifestação artística: os livros e os filmes. Unir as duas vertentes em um único evento reforça e valida o verdadeiro objeto de culto que é o noir, um conceito por vezes vago e misterioso, tão bem expresso pela estética das luzes e sombras e pelos desvios morais da alma humana, características presentes nas melhores obras do gênero”, comenta Jorge Ghiorzi, um dos organizadores do festival.
O Porto Alegre Noir II tem uma extensa programação que inclui workshops, debates, exposição, mostra de filmes e um espaço para venda de livros policiais, de suspense e mistério. Entre as atividades, os bate-papos À sangue frio – o crime verdadeiro e a literatura, com Rafael Guimaraens, Sandra Abrano e Luiz Gonzaga Lopes; A lendária Coleção Amarela da Livraria do Globo, com Sérgio Karam, Paula Ramos e Samir Machado de Machado; e Dashiell Hammett e os 90 anos de Safra Vermelha, com Júlio Ricardo da Rosa e Juremir Machado da Silva.
Com ingressos a R$ 10,00, a mostra de cinema noir tem destaque para quatro dos seis diretores da programação e que sofreram perseguições durante o período do McCarthismo nos Estados Unidos: Cy Endfield (Justiça injusta, 1950), Edward Dmytryk (Até a vista, querida, 1944), Abraham Polonsky (A força do mal, 1948) e Joseph L. Mankiewicz (O ódio é cego, 1950). A sessão de abertura ocorre às 20h de terça-feira, com a produção de Endfield. Na trama de Justiça injusta, um homem desempregado se envolve com um assassino e ambos realizam um trágico sequestro. Baseado no mesmo evento retratado em Fúria, de Fritz Lang, esse é um dos filmes mais chocantes do cinema norte-americano.
Na sexta-feira, a exibição do Projeto Raros, que sempre reproduz clássicos, tem entrada gratuita, às 20h. Os comentários de Perigosamente Harlem (1991), de Bill Duke, ficarão por conta de Gustavo Machado. No enredo, uma mulher vai ao Harlem carregando ouro roubado e seduz o contador Jackson (Forest Whitaker) ao mesmo tempo em que tenta fazer negócio com o gângster Easy Money (Danny Glover). O evento também funciona como um veículo de divulgação do gênero e de diálogo com a atualidade.
“É uma oportunidade de descobertas e redescobertas para novas audiências e antigos admiradores das histórias policiais”, acrescenta Ghiorzi. “A ficção policial é uma ótima ferramenta para se dissecar as mazelas da sociedade em que vivemos, por isso, um evento como o Porto Alegre Noir se torna ainda mais necessário no contexto atual do País. Nessa edição, vamos destacar a discussão político-social nos temas dos debates e nos clássicos do cinema noir que foram selecionados”, finaliza Cesar Alcázar, produtor e organizador do evento.
Jornal do Comércio