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Conheça Dostoiévski, o escritor russo censurado na Itália por causa da guerra com a Ucrânia

Dostoiévski nos anos 1860 após dez anos de exílio na Sibéria

A Universidade Bicocca, em Milão, na Itália, cancelou um curso livre e gratuito sobre a obra do escritor russo Fiódor Dostoiévski por causa da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Em resposta a esta decisão, o professor Paolo Nori, que ministra a aula foi as redes sociais acusando a instituição de “censura” e o caso viralizou no mundo todo.

 “O que está acontecendo na Ucrânia é uma coisa horrível e eu sinto vontade de chorar só de pensar nisso”, declarou Paolo Nori, e ainda disse que “o que está acontecendo na Itália hoje é ridículo: censurar um curso é ridículo”.

O professor, que é pesquisador da obra de Dostoiévski postou um vídeo no Instagram falando sobre o  ocorrido.

“É uma falha ser um russo que foi condenado à morte quando estava vivo em 1849 porque tinha lido uma coisa proibida”, declarou.

A repercussão do caso nas redes sociais fez com que a universidade voltasse atrás. Em comunicado, a instituição disse que “está aberta ao diálogo e à escuta, mesmo neste período muito difícil marcado pela escalada do conflito” entre Rússia e Ucrânia e afirmou que o curso, intitulado “Entre a escrita”, cujo objetivo é “desenvolver competências transversais através das formas de escrever”, está mantido.

Além disso, o reitor da Universidade se reunirá com Paolo Nori semana que vem “para um momento de reflexão”.

Dostoiévski é considerado um dos maiores escritores e pensadores da história.

“Chamam-me de psicólogo: não é verdade. Sou apenas realista no sentido mais elevado. Ou seja, retrato todas as profundezas da alma humana”. O pensamento do escritor russo Fiódor Dostoiévski (nascido em 11 de novembro de 1821), encontrado em seu caderno de notas de 1880, traduz as buscas desse que é considerado um dos principais autores e pensadores do século 19. Ele morreu em 1881.

O escritor que viveu no século XIX na Rússia czarista foi condenado à morte em 16 de novembro de 1849 por supostamente ter lido trabalhos clandestinos de Vissarion Grigorievich Bielínski, um ensaísta e filósofo, autor da peça de teatro Dmitri Kalinin, que fazia críticas ao estado de servidão medieval pelo qual passava uma parte do país naquele momento.

Ele vai preso e é condenado à morte, mas no último momento, teve a sua pena revertida em regime de trabalhos forçados na companhia de criminosos comuns, na Siberia, onde passou 5 anos.

Depois, ainda nas terras geladas, ele fica mais cinco anos como soldado raso em um batalhão siberiano, cumprindo o restante da pena. Nesse período, ele se casa com sua primeira esposa, Maria Issáievna.

Separamos aqui algumas obras de Dostoiévski para você conhecer

Crime e Castigo
Crime e Castigo é o romance policial que consagrou Dostoiévski como escritor. O protagonista  da obra é um tipo dominado pelas ideias niilistas.

Rodión Raskôlnikov é um jovem moralmente conturbado, que se permite derramar “sangue segundo a consciência”.

“Sou uma criatura trêmula ou tenho o direito?”, ele se pergunta para tentar descobrir se é “um piolho, como todo mundo, ou um ser humano”.

O jovem mata uma velha senhora dona de uma loja de penhor com um machado devido a um experimento moral.

A genialidade da obra se da pois sabemos desde o início quem matou quem, onde, quando, por que e até como. A grande questão do livro é: quais são as consequências existenciais do crime e como conviver com isso?

Os Irmãos Karamázov
Em os Irmãos Karamázov, Dostoiévsky prova que domina a arte de fazer perguntas sobre o certo e o errado melhor do que ninguém.

“O que é inferno? Afirmo que é o sofrimento de não ser capaz de amar”, escreveu Dostoiévski na obra que foi seu último e mais perturbador romance, onde ele trata de questões sobre fé, liberdade e família.

Em “Os Irmãos Karamázov”, um romance de enredo policial, Dostoiévski explora diversas faces da ética em uma família russa cheia de problemas. O autor  morreu tendo escrito apenas a parte da obra, que estava planejada para ter dois volumes.

                                                                                                                                                                              O Idiota
Os romances de Dostoiévski são extremamente dramáticos. Então, não espere finais felizes de Hollywood. As camadas mais vulneráveis ​​da sociedade são as que mais fascinam Dostoiévski. Ele dá voz aos pobres, doentes e rejeitados.

Em “O Idiota”, o escritor explora o amor e a compaixão, o orgulho e a vileza, a generosidade e a bondade. “A compaixão é a mais importante e, talvez, a única lei da existência para toda a humanidade”, escreveu Dostoiévski neste romance.

Os livros estão recomendados. Leiam.

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