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Diário do Bolso é finalista do Prêmio Jabuti

A ideia de passar a demarcação das terras para o Ministério da Agricultura foi muito genial. A Funai sifu. Quinze por cento das terras do país para essa gente é um exagero. Quilombola tem que trabalhar para emagrecer. E vamos botar calça nesses índios!

Gabava-se o personagem do Diário do Bolso que além da Funai, em sua estreia no dia 3 de janeiro de 2019, falou do chá de cadeira de sete horas que Bolsonaro serviu aos jornalistas (“Tem que meter medo”), da passagem do Coaf para Moro (“ Agora aquela história do Queiroz vai pra debaixo do carpete), da mexida no Itamaraty (“ Não precisa mais ser um diplomatinha de carreira, falar catorze línguas e blábláblá”).

Dentre outros temas relativos à posse e às primeiras medidas do presidente recém empossado.

Naquele início de 2019, o autor do Diário do Bolso, José Roberto Torero, dificilmente imaginaria que seu quarto livro da série, Diário do Bolso 4 – 666 dias com a Besta, estaria entre os dez finalistas do Prêmio Jabuti na categoria Crônica.

No episódio do dia dos pais deste ano, o personagem de Torero teria recebido cartinhas dos filhotes, como essa do 01:

Que outro pai mudaria a direção da Polícia Federal pra proteger o filho?

Bom, talvez, o Mourão, o Lira, o Aras, o Braga Neto, o Pazu, e uns outros aí também fizessem isso.

Mas só você podia e só você fez. Sem falar que me ensinou tudo o que eu sei sobre rachadinha, me passou o tio Queiroz para organizar minhas contas e o tio Wassef para cuidar dos meus processos.

Por isso, sempre que te vejo, escuto aquela música do Fábio Junior: “Pai, você é meu herói, meu bandido”.

Torero conta que o Diário nasceu como uma terapia “para aliviar a tristeza e a raiva que sentia ao ver o capitão sentado na cadeira de presidente” e que o quarto livro do falso diário do presidente “conta principalmente o comportamento do governo, e do governante, durante a pandemia de covid”.

Em outro episódio, o personagem tem um pesadelo em que é perseguido por uma turba de laranjas assassinas:

Mas, quando elas estavam quase alcançando a gente, surgiram dois caras de capa preta.

– São Batmans? – a Michelle perguntou.

– Batmans, não. Juízes! – gritou o Flávio. – São o Moro e o Fux.

– Nada como um foro, digo, um Moro Privilegiado – eu disse, porque eu nunca perco a chance de fazer um trocadilho.

Aí os dois capas pretas sacaram suas espadas jedais, uma verde e outra amarela, e ficaram entre nós e as laranjas assassinas. Elas tentavam vir pra cima da gente, mas nossos heróis cortavam todas ao meio.

Nesta edição de número 63 do Prêmio Jabuti, organizado pela Câmara Brasileira do Livro, foram inscritos 3.422 trabalhos, em 20 categorias. O “Diário do Bolso 4 – 666 dias com a Besta”, escrito por Torero e ilustrado por Ivo Minkovicius, foi selecionado para estar entre os dez finalistas da categoria Crônica.

No dia 25 de novembro próximo serão anunciados os vencedores das categorias e o ganhador do Livro do Ano.

O personagem, após as demonstrações de 7 de setembro, profetizava:

O negócio dessas manifestações é o seguinte: eu sei que, assim que sair do poder, eu e meus meninos vamos pra cadeia. Então só tenho duas saídas: ou ganhar as eleições, ou perder por pouco, dizer que fui roubado e dar um golpe com meus PMMs (policiais, militares e milicianos).

Eu acima de tudo! Meus garotos acima de todos!

César Locatelli

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