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De que Rodrigo Maia tem medo?/Por Alberto Peixoto

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O Presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Rodrigo Maia, não vai abrir nenhum processo de impeachment contra o presidente Bolsonaro porque, segundo ele, dá azar. Alegou que Ibsen Pinheiro, que deu andamento ao processo do então presidente Fernando Collor em setembro de 1992, perdeu o mandato e que Eduardo Cunha, que articulou o golpe de estado contra a presidente Dilma em 2016, foi preso.

“Costuma dizer, piscando o olho, que abertura de um processo de impeachment não dá sorte a quem o conduz. Lembra dos exemplos de Ibsen Pinheiro, presidente da Câmara durante o afastamento de Fernando Collor; e de Eduardo Cunha, que comandou o impedimento de Dilma Rousseff”, informa a coluna de Lauro Jardim no Globo do último domingo 22/03, em relação ao pronunciamento do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Em 1994 Ibsen Pinheiro foi acusado de irregularidades no Orçamento da União e teve seu mandato caçado pela CPI do Orçamento e acusado de ter participado no Escândalo dos Anões do Orçamento, um conchavo de desvio de verbas públicas e foi considerado infrator sendo afastado da vida pública por um período de oito anos.

Eduardo Cunha foi condenado a 15 anos e 4 meses no cárcere, por ter sido acusado de ter recebido propina no valor de US$ 5 milhões em contratos para construção de navios-sonda da Petrobrás; de receber propina em contratos da Petrobras para exploração de petróleo em Benin, África, além de também ser acusado em outros cinco inquéritos ligados à Operação Lava Jato – Um deles foi a Operação Sépsis, uma operação da Polícia Federal do Brasil e do Ministério Público Federal, deflagrada em 1º de julho de 2016 em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Distrito Federal.

“O condenado recebeu vantagem indevida no exercício do mandato de Deputado Federal, em 2011. A responsabilidade de um parlamentar federal é enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade quando pratica crimes. Não pode haver ofensa mais grave do que a daquele que trai o mandato parlamentar e a sagrada confiança que o povo nele deposita para obter ganho próprio. Agiu, portanto, com culpabilidade extremada, o que também deve ser valorado negativamente”, afirmou o juiz federal da Lava Jato na sentença.

Fica esclarecido então que nenhum dos presidentes da Câmara dos Deputados que foram caçados e até preso – Eduardo Cunha – acabaram caçados porque deram azar e sim, por participarem de esquemas corruptos.

Por mais supersticioso que seja Rodrigo Maia, não pode usar deste artificio inusitado para não abrir nenhum pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Seria o cúmulo do ridículo e, mais uma vez, o Brasil vai servir de piada em todo o mundo.

Esta atitude do presidente da Câmara dos Deputados só leva as pessoas, que tem o mínimo de inteligência, a perguntar: “do que tem medo Rodrigo Maia?”

Alberto Peixoto – Escritor

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