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DELATOR DA ZELOTES É LIGADO A NARDES, QUE LIDEROU A FARSA CONTRA DILMA NO TCU

Paulo Roberto Cortez

Primeiro investigado a firmar acordo de delação premiada com a Operação Zelotes, o ex-auditor da Receita Federal Paulo Roberto Cortez é da mesma cidade que o ministro do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes: Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul; o nome do ministro do TCU e ex-deputado federal pelo PP teria aparecido na condição de sócio de uma das empresas participantes das fraudes relacionadas a decisões do Conselho Administrativo de Recurso Fiscais (Carf).

Na quinta-feira 3, a Zelotes realizou nova busca e apreensão de provas. Foi uma ação conjunta da Polícia Federal, do Ministério Público, da Corregedoria do Ministério da Fazenda e da Receita Federal, em São Paulo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Neste último Estado, o alvo foram três escritórios de contabilidade em Santo Ângelo, terra natal de Paulo Roberto Cortez, um dos delatores do esquema, e também cidade de Nardes.

No TCU, Augusto Nardes foi o relator das contas de 2014 da presidente legítima Dilma Rousseff e responsável pelo parecer das “pedaladas fiscais” que fundamentou o pedido de impeachment e o golpe parlementar contra Dilma.

O acordo de colaboração foi homologado no dia 7 peloO ex-auditor afirmou que os integrantes do órgão recebiam propina para dar votos favoráveis a empresas. Em um dos depoimentos, já tornado público, ele confirmou ter atuado para beneficiar o Bank Boston num julgamento.

Além de Paulo Roberto Cortez, cujo acordo de delação foi homologado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal em Brasília, um sobrinho de Augusto Nardes, Juliano Nardes, o liga à operação Zelotes. Juliano é apontado pelo Ministério Público Federal como o responsável pela intermediação entre o grupo de comunicação RBS, afiliada da Rede Globo, e o escritório de José Ricardo Silva, auditor aposentado da Receita Federal e, segundo a PF, um dos principais mentores do bilionário esquema de ladroagem fiscal.

As investigações teriam comprovado que o Grupo RBS, pagou R$ 11,7 milhões à SGR Consultoria para livrar-se de multa de R$ 113 milhões. O hoje deputado Afonso Mota era o vice-presidente jurídico e institucional da RBS na época. O dinheiro recebido pelo ministro Augusto Nardes teria sido pago pela mesma SGR Consultoria por meio da empresa Planalto Soluções e Negócios, da qual Nardes foi sócio até 2005 e que continua registrada em nome de um sobrinho dele.

O esquema fraudulento de perdão de dívidas beneficiava grandes empresas, de acordo com as investigações. As apurações da Zelotes miram um conjunto particular de 74 processos suspeitos do Carf. São casos de 2005 a 2013. Juntos, somam R$ 19 bilhões que podem ter sido sonegados.

Por ser ministro do TCU, Nardes não poderia estar entre os denunciados perante a Justiça Federal, caso haja mesmo indícios a envolvê-lo. Seu futuro dependeria do STF, única corte com autorização constitucional para julgar autoridades detentoras de foro privilegiado, como deputados, senadores, ministros do governo e do TCU.

Leonardo Attuch

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