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Depois da UNASUL, Brasil decide abandonar CELAC.

© AFP 2019 / Rodrigo Buendia

Brasil não comparece à cerimônia de posse da presidência mexicana do bloco e informa a sua saída do bloco. Suspensão abrange todas as instâncias da organização, tanto as políticas como as técnicas.

O governo brasileiro teria informado aos demais 32 membros da organização sobre a sua decisão de suspender suas atividades na mesma.

“Não existem as condições necessárias para seguir fazendo parte do bloco, dada a conjuntura de crise que vive a região”, declarou o Itamaraty.

Para o MRE, o Brasil não deve fazer parte de bloco que compreende governos que considera ditatoriais, como Cuba e Venezuela.

De acordo com o jornal mexicano El sol de México, o governo de Andrés Manuel López Obrador teria solicitado ao Brasil que reconsiderasse o seu distanciamento da organização e retomasse as suas atividades na mesma.

“Em resposta ao convite do México, o governo brasileiro comunicou antecipadamente à chancelaria mexicana que o Brasil não participaria dos eventos relacionados à instalação da nova presidência pro tempore da Celac”, disse a chancelaria brasileira, conforme reportou a Folha de São Paulo.

“Foi informado que o Brasil não considera estarem dadas as condições para a atuação da Celac no atual contexto de crise regional. Foi dado ciência, igualmente, que qualquer documento, agenda ou proposta de trabalho que viesse a ser adotado durante a reunião ministerial não se aplica ao Brasil”, concluiu o Itamaraty.

O governo brasileiro já tinha deixado de colaborar com a CELAC em 2019, pela organização estar sob a presidência da Bolívia, então governada por Evo Morales.

A Bolívia, liderada pelo governo interino de Jeanine Áñez, também decidiu não enviar representantes à cerimônia de posse da presidência mexicana do bloco.

As relações entre Bolívia e México estão bastante deterioradas desde que o país centro-americano concedeu asilo político a Evo Morales, que sofreu golpe de estado em La Paz, em 10 de dezembro de 2019.

Política regional de Bolsonaro

Essa não é a primeira vez que o governo Bolsonaro retira o Brasil de bloco diplomático dedicado exclusivamente às relações regionais.

Em 2019, o Brasil anunciou a saída da União das Nações Sul-Americanas, a UNASUL. A organização, com sede em Quito, foi a primeira na história da região a estabelecer um Conselho de Defesa, para debater assuntos de natureza militar.

Dentre os principais fóruns de coordenação política regionais, Brasil segue fazendo parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), que inclui os países da América do Norte.

Atuação da CELAC

A Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) é o único fórum regional que reúne exclusivamente países de América do Sul e Caribe.

Formado por diversos órgãos técnicos de cooperação regional nas áreas de saúde, tecnologia e ajuda mútua, o bloco se destaca por celebrar fóruns com países de fora da região, como o Fórum CELAC-China e o Fórum CELAC-União Europeia.

A organização foi criada em 2010, durante o governo Luís Inácio Lula da Silva, como desdobramento da celebração da primeira reunião de chefes de Estado da América do Sul e Caribe da história, celebrada na Costa do Sauípe, em 2008.

A integração regional é um dos principais vetores da política externa brasileira, estando prevista em parágrafo único do artigo 4º da Constituição Federal.

Sputnik

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