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É na fraqueza alheia que o covarde usa seu punhal.

Rodrigo Janot

Assim como a coragem de um homem não é determinada apenas pelo que faz, mas pelo momento em que o faz, também é assim que se lhe mede a covardia e o prevalecimento.

Rodrigo Janot, que é senhor dos dias, semanas, meses e até, como no caso de Aécio Neves, anos que leva a apresentar ao STF seus pedidos de investigação, escolheu estes dias, em que – na prática, ainda que não na teoria – se julga o afastamento da presidente Dilma Rousseff, tecnicamente por um “crime” que, além de incrível” nada tem a ver com corrupção, Petrobras ou eleição, para enviar ao STF o “listão” que junta gatunos àqueles que teriam “o domínio do fato”, isto é, sem o conhecimento dos quais as falcatruas não poderiam ter ocorrido.

E nesta, omissiva, e covardemente, suprime o nome de Dilma, que guarda para incluir dentro de uns dez ou doze dias, quando ela estiver afastada da presidência, o que não tem o menor sentido técnico, pois era ela a presidente do Conselho de Administração da empresa.

Justamente para não contaminar uma coisa com outra, até porque são casos que se arrastam há meses, porque não esperar.

Porque, na Justiça brasileira, esperar ou não esperar virou parte do jogo político.

O STF espera há quatro meses para decidir se afasta Cunha porque desejou dar a ele poder para derrubar Dilma.

Rodrigo Janot não espera justamente pelo mesmo: para enterrá-la.

Janot sabe que, fazendo isso, fornece cal para a pá da mídia não apenas acabar com qualquer esperança de que se pudesse ter uma decisão equilibrada no Senado como, também, ajuda a reduzir a onda de indignação nacional que se seguirá.

Interfere, assim, num julgamento e no desfecho de uma crise político-institucional com uma ação que, do ponto de vista legal – sem sequer discutir seu mérito ou demérito- nada tem juridicamente a ver com ela.

Oportunista é palavra fraca demais para definir tal gesto.

Sórdido e covarde são palavras que vestem melhor este comportamento.

Engana-se quem acha que a tomada do poder será incruenta e voltará a fluir o jogo de “vossa excelência prá lá. data vênia pra cá”.

Vai acontecer uma guerra de extermínio, onde o “republicanismo” do Governo Dilma, tratando as instituições como se fossem dignas de respeito e zelosas de seu equilíbrio parecerá, na melhor e mais gentil da hipóteses, como ingenuidade infantil.

Fernando Henrique Cardoso não foi para o inferno por ter imposto o engavetador Brindeiro na PGR. Ao contrário, escapou dele.

Na semana seguinte à deposição de Dilma Lula será preso, não duvidem.

É bom que se diga isso ao povo.

Para que o povo entenda que prender o Lula é peça fundamental para tudo o que vão lhe fazer em matéria de arrocho, de maldade, e de saque a seus direitos.

Não quer dizer que não tenham existido falcatruas, mas falcatruas sempre existiram e qualquer um que, como eu, já as veja há mais de meio século, nunca vieram ao caso, menos ainda a este ponto, mesmo quando todas aquelas excelências já eram juízes e promotores.

Procure um político punido por Sérgio Moro no imenso desvio do Banestado e confira se não é assim.

Mas desta vez é preciso levar as coisas até aí, porque é preciso preparar o genocídio trabalhista e social que virá por aí…

Fernando Brito

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