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Efeitos de Brumadinho e chuvas fazem indústria do Pará ter pior resultado em 17 anos

Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A press

Chuvas e paralisações ocorridas devido ao rompimento da barragem em Brumadinho fizeram a indústria do Pará ter o pior resultado em 17 anos. No estado, o setor despencou 30,3% em abril, na comparação com março, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (11).

Foi o terceiro mês seguido de baixa na indústria paraense e o pior desempenho observado desde o início da série histórica do IBGE, em 2002.

Como a extração de minério de ferro representa 85% do total da indústria do Pará, oscilações na atividade têm forte impacto no resultado estadual, explicou o instituto. Nos quatro primeiros meses do ano, a perda acumulada no estado é de 7,8%.

Em São Paulo, por outro lado, houve recuperação do recuo registrado em março. A indústria paulista cresceu 2,4% em abril, influenciada pela retomada da produção nas montadoras. Foi o melhor resultado no estado desde junho de 2018, quando a recuperação das perdas causadas pela paralisação dos caminhoneiros gerou uma alta de 13,8%.

Em março, a indústria de veículos havia caído devido a greves pontuais de trabalhadores e também às chuvas que alagaram pátios das montadoras na região do ABC paulista, atrapalhando a produção.

“A indústria de veículos automotores está apresentando alta volatilidade neste ano. Isso pode ser explicado pela demanda doméstica, que apresenta uma cautela em função da conjuntura nacional. Outra explicação é a crise na Argentina, que teve impacto sobre as  exportações”, explica o analista da pesquisa do IBGE, Bernardo Almeida.

Apesar da recuperação, o resultado da indústria paulista em abril está 19,3% abaixo mais alto da série histórica, observado em março de 2011.

A produção industrial nacional teve resultado positivo no mês de abril, com alta de 0,3%. Ao todo, houve avanço em 10 das 15 regiões pesquisadas pelo IBGE.

As maiores altas foram registradas em Pernambuco (8,3%), Bahia (7,4%) e Mato Grosso (5,1%), revertendo baixas observadas no mês anterior. A indústria baiana foi destaque, conseguindo eliminar parcialmente a queda do período anterior, de 10%, com influência positiva da produção de derivados do petróleo.

Além da queda no Pará, os demais resultados negativos na comparação mensal foram observados no Espírito Santo (-5,5%), Rio de Janeiro (-4,5%), Goiás (-1,4%) e Amazonas (-1,2%).

O cenário nacional ainda acumula baixas em 2019. Nos primeiros quatro meses do ano, 11 das 15 regiões pesquisadas acumulam baixas. “O cenário de incertezas ainda causa decisões de consumo retraídas, tanto nacionalmente quanto regionalmente”, afirma Almeida.

Comparação anual Na comparação com abril do ano passado, o resultado nacional é de queda de 3,9% -o pior abril da série histórica nessa base de comparação. Houve recuo na produção em 9 dos 15 locais pesquisados.

Pará (-31%), Espírito Santo (-18%) e Minas Gerais (-10,9%) tiveram quedas na ordem de dois dígitos, influenciados pela paralisação de plantas de exploração de minério de ferro, uma consequência do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), que deixou até o momento 245 mortos e 25 desaparecidos.

A diversificação da indústria mineira é maior, por isso o impacto do setor extrativo é menor do que aquele observado no Pará e do Espírito Santo. Porém, esse é o maior recuo registrado em Minas Gerais na comparação com igual período do ano anterior, atrás apenas da queda de 11% observada em outubro de 2016.

Por outro lado, as principais influências positivas no país na comparação anual foram no Ceará (6,5%) e Rio Grande do Sul (6,3%), impulsionados, em grande parte, pelas atividades da indústria de metal, couro, artigos de viagem, calçados e bebidas para o primeiro; e de veículos automotores e outros produtos químicos, para o segundo, afirma o analista do IBGE.

Expectativas para maio Para maio, no entanto, a situação ainda ruim, indica pesquisa da consultoria IHS Markit. O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), calculado pela consultoria, caiu a 50,2 no mês, ante 51,5 registrados em abril. É o número mais baixo em 11 meses e está próximo da estagnação -quando o índice atinge a marca de 50.

A confiança do investidor também permanece instável, de acordo com sondagem realizada pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getúlio Vargas). O índice de confiança do empresário da indústria voltou a cair 0,7 ponto em maio, para 97,2 pontos

“As expectativas da indústria continuaram piorando em maio e retratam agora um empresariado ligeiramente pessimista em relação aos próximos meses”, afirmou Aloisio Campelo Jr., superintendente de estatísticas públicas do Ibre/FGV.  Em maio, a confiança caiu em 10 dos 19 segmentos industriais pesquisados.

FolhaPress SNG

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