Tempo - Tutiempo.net

ENTREVISTA DE BERZOINI AO 247: VEJA QUIS ENCOBRIR O ‘AÉCIOPORTO’

Em entrevista exclusiva ao 247, o ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Relações Institucionais da presidência da República, reagiu com indignação à denúncia de Veja, deste fim de semana, sobre uma suposta “farsa” armada pelo Palácio do Planalto na CPI da Petrobras.

E disse que: “o papel desta secretaria é justamente o de articular a nossa base no Congresso”; sobre as motivações da denúncia, ele bateu duro: “no momento em que um senador da República é acusado de construir com recursos públicos um aeroporto particular, esta revista, que se tornou um instrumento não declarado da luta política, cria uma cortina da fumaça para tentar desviar a atenção da opinião pública”.

Pois bem, amigos internautas leitores do cljornal, pelo tom do discurso, a guerra está declarada.

O ministro Ricardo Berzoini, da secretaria de Relações Institucionais da presidência da República, decidiu subir o tom em relação à oposição.

Em entrevista exclusiva ao 247, ele acusou a revista Veja, autora da denúncia publicada no fim de semana, de criar uma “cortina de fumaça para encobrir o que já estão chamando de ‘aécioporto'”, referindo-se ao aeródromo construído na gestão Aécio Neves, em Minas Gerais, no município de Claudio (MG). “O objetivo dessa reportagem foi apenas desviar a atenção da opinião pública com uma denúncia sem o menor fundamento e que só revela o desespero dos nossos adversários”.

Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista do ministro Ricardo Berzoini ao 247:

247 – O sr. está sendo acusado de organizar uma farsa na CPI da Petrobras. Qual foi exatamente o papel desta secretaria no episódio?

Ricardo Berzoini – O papel da secretaria é agir dentro de sua missão institucional, que consiste em arregimentar e fortalecer a nossa base de apoio no Congresso, mas também dialogar com a oposição. A base de apoio ao governo, por definição, defende as posições do governo, o que inclui as empresas da administração indireta, como a Petrobras. Portanto, o que está se discutindo é um suposto escândalo em torno do nada.

247 – Funcionários subordinados a esta secretaria estão sendo acusados de organizar um gabarito das questões que seriam formuladas aos depoentes. Isso é legítimo?

Berzoini – Vários técnicos da secretaria dialogam permanentemente com o Congresso. Instâncias do Congresso como a liderança do governo e a liderança do PT discutem, justamente, as posições do governo e do PT em relação aos projetos de lei, às medidas provisórias e, também, ao posicionamento em CPIs. Não há novidade nenhuma nem mistério algum nisso. Sempre foi e sempre será assim em qualquer governo. Inclusive fizemos reuniões aqui, nesta secretaria, para discutir as nossas posições sobre temas complexos, como os que envolvem a Petrobras, até para que as informações fossem prestadas de forma correta e organizada. Mas o que há hoje é uma luta política acirrada, que instrumentaliza alguns meios de comunicação.

247 – O sr. está dizendo que Veja agiu a serviço da oposição?

Berzoini – O que estou dizendo é que esta revista se presta a ser um instrumento não declarado da luta política. O problema é que faz isso sem assumir essa condição diante dos seus leitores. No exato momento em que um senador da República é alvo de uma grave acusação, a de ter construído um aeroporto que parece ser particular e de ter pousado em pistas não homologadas pela Agência Nacional de Aviação, esta revista cria uma cortina de fumaça para desviar a atenção da opinião pública. Me lembra até o caso do Cachoeira.

247 – Como assim?

Berzoini – Quando começaram os trabalhos da CPI do Carlos Cachoeira, que tinha relações próximas com determinados meios de comunicação, a mesma revista fez uma capa sobre uma suposta cortina de fumaça criada pelo PT para encobrir o julgamento da Ação Penal 470. Na verdade, era a revista que criava uma cortina de fumaça para desmerecer o papel daquela CPI.

247 – Sobre a CPI da Petrobras, como o sr. vê a atuação da oposição?

Berzoini – Vamos relembrar o caso. Esta discussão foi alvo de uma acirrada disputa política. Éramos contra a CPI. Perdemos. Depois disso, houve uma discussão regimental sobre se havia ou não fato determinado. Também fomos derrotados, mas aceitamos seguir as regras do jogo democrático. O Supremo Tribunal Federal determinou a instalação da CPI e ela foi instalada. Na CPI do Senado, os partidos da oposição boicotaram os trabalhos e não indicaram os representantes. Na CPMI, da Câmara e do Senado, os indicados pela oposição poderiam fazer quaisquer perguntas e também apresentar todo tipo de requerimento. Portanto, qual é o cerceamento democrático ou farsa? Se há farsa, ela é da oposição.

247 – Mas a Petrobras, por exemplo, treinou um ex-diretor, Nestor Cerveró, que saiu e foi acusado de elaborar um parecer falho sobre Pasadena.

Berzoini – Toda grande organização, pública ou privada, treina seus executivos e também ex-executivos. Nesta CPI, que já nasceu contaminada por uma disputa política e eleitoral, o dever de uma empresa como a Petrobras é zelar pela sua própria imagem. Os chamados “media trainings”, dos quais, inclusive, participam jornalistas de vários veículos de comunicação, preparam os executivos para situações de stress, como ocorre numa CPI. Eles são feitos por empresas públicas e privadas. Mas não fazem milagre. Ninguém aprende a mentir ou a enganar a opinião pública. As pessoas são preparadas para situações de tensão. Sobre o fato de ser um ex-diretor da Petrobras, é uma coisa normal. Em várias empresas, ex-executivos têm, inclusive, o direito de ser defendidos por advogados do ex-empregador. A meu ver, a Petrobras agiu muito bem.

247 – Há, porém, uma gritaria em certos meios de comunicação, que já reivindicam inclusive demissões na Petrobras e na sua secretaria. Isso por acontecer?

Berzoini – De forma alguma. A menos que ficasse comprovado que alguém agiu um milímetro fora da lei, da ética ou dos padrões que definem a missão desta secretaria, que é justamente zelar pela articulação política do governo.
247 – Mas a Petrobras recebeu, daqui, as questões que seriam formuladas na CPI?

Berzoini – Não. Aliás, seria impossível antecipar as questões, até porque a oposição poderia perguntar o que quisesse. De todo modo, empresas públicas e privadas têm diretores de relações institucionais que dialogam permanentemente com o Congresso, que é um espaço público, aberto a todos. É legítimo que qualquer empresa busque informações sobre temas do seu interesse.

247 – Tanto o presidente da CPI, Vital do Rego (PMDB-PB), como o presidente do Congresso, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), se mostraram favoráveis a uma investigação, seja com a Polícia Federal, seja numa sindicância interna. Isso o preocupa?

Berzoini – Se houve uma acusação, que seja investigada. Não temos o menor problema em relação a isso. Essa denúncia revela apenas o desespero dos nossos adversários.   

Fonte: b.247

OUTRAS NOTÍCIAS