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Justiça torna réus 18 manifestantes presos com militar infiltrado em ato contra Temer

Em 2016, o então capitão do Exército Willian Pina Botelho se infiltrou entre 21 manifestantes detidos em SP antes de ato (Foto: Reprodução/TVGlobo)

A justiça de São Paulo tornou réus 18 manifestantes presos com um militar infiltrado em ato contra o governo do presidente Michel Temer (PMDB) em 4 setembro de 2016. À época, o então capitão William Pina Botelho atuou no protesto na capital paulista como agente infiltrado do Exército. Ele chegou a ser detido, mas não foi levado à delegacia.

Apurou-se que em seu despacho de 21 de agosto, a juíza Cecília Pinheiro da Fonseca, da 3ª Vara Criminal do Fórum da Barra Funda, Zona Oeste da cidade, já marcou para 22 de setembro, às 14h30, a audiência de instrução, debates e julgamento dos acusados.

Eles respondem em liberdade aos crimes de associação criminosa e corrupção de menores. O caso está sob segredo de Justiça.

Mas segundo a magistrada, o Ministério Público (MP) conseguiu apontar indícios de que o grupo se reuniu no Centro Cultural São Paulo (CCSP), no Centro, com o intuito de destruir o patrimônio público e privado e de machucar policiais militares. Eles pretendiam participar da manifestação da Frente Povo Sem Medo na Avenida Paulista contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Black blocs

A acusação, feita pelo promotor Fernando Albuquerque Soares de Souza, informa que a Polícia Militar (PM) apreendeu objetos que seriam usados por eles. Citou, por exemplo, skate, máscaras, capuzes, roupas escuras e vinagre. A Polícia Civil, à época, chegou a trata-los como black blocs, adeptos de táticas de depredação para protestar.

Em dezembro do ano passado a Justiça Militar arquivou o inquérito que apurava a conduta do oficial por entender que ele não cometeu crime. Em maio deste ano, Botelho, que usava os codinomes ‘Baltazar Nunes’ e ‘Balta Nunes’ junto aos manifestantes, foi promovido a major.

Naquela ocasião, a manifestação foi marcada pela internet e acabou com a detenção de 21 pessoas, sendo três adolescentes no Centro Cultural São Paulo (CCSP), no centro da cidade. ‘Balta’, de 38 anos, usou as redes sociais para se aproximar dos jovens que participariam do ato. O seu disfarce continha óculos de grau, cabelos compridos e barba.

Detidos antes de manifestação comemoram a liberação definida pela Justiça de São Paulo (Foto: Glauco Araújo/G1)

Detidos antes de manifestação comemoram a liberação definida pela Justiça de São Paulo (Foto: Glauco Araújo/G1)

Capitão

Vídeos e fotos divulgados na web mostraram o então capitão também sendo detido com o grupo pela Polícia Militar (PM). Apesar disso, ‘Balta’ não foi levado com os demais para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). A PM o liberou alegando que não encontrou contra ele indícios em ‘ações ilícitas’.

Segundo documentos do Deic, obtidos , dos 21 detidos, só dois se conheciam. Um arquiteto brasileiro e um artista colombiano que dividiam um apartamento na região do Morumbi, Zona Sul da capital paulista.

Nove dos manifestantes presos são homens e 12 do sexo feminino. Dois deles são estrangeiros _além do colombiano, há um mexicano. Uma mulher de 38 anos foi a mais velha manifestante a ser detida. Três adolescentes de 17 anos foram as mais jovens detidas, mas elas não vão responder pelas infrações.

No dia seguinte à prisão, em 5 de setembro de 2016, os jovens passaram por uma audiência de custódia em que o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo considerou a detenção deles ilegal e os colocou em liberdade. O magistrado chegou a comparar o comportamento da polícia no episódio à ditadura militar por entender que não se pode legitimar a prisão para averiguação.

Kleber Tomaz

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