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Mais novidades no esquema de corrupção que desviou 500 milhões da Prefeitura de São Paulo

Homem forte da gestão Fernando Haddad (PT), o secretário de Governo, Antonio Donato, é citado em escutas telefônicas pelo suspeito de chefiar um esquema de arrecadação de propina na Secretaria Municipal de Finanças, Ronilson Bezerra Rodrigues, durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).

A transcrição de ligações interceptadas durante a investigação mostra que Rodrigues procurou Donato e também o vereador Paulo Fiorilo (PT), quando o cerco se fechou contra o grupo.

A interceptação telefônica foi registrada em 16 de julho deste ano, às 17h23. Ex-subsecretário da Receita da Secretaria de Finanças, Rodrigues estava sendo seguido de carro. Segundo a transcrição do áudio, ele afirma a um interlocutor que os quatro suspeitos – Eduardo Horle Barcellos, Luis Alexandre Cardoso Magalhães e Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral, além do próprio Rodrigues – haviam sido “chamados”, mas que ele estava bem e havia marcado um encontro com o Donato e Fiorilo.

Os quatro fiscais foram presos na semana passada, acusados de comandar esquema que deu prejuízo de R$ 500 milhões aos cofres municipais em fraudes na arrecadação do Imposto sobre Serviços (ISS).

Fiorilo, presidente da CPI dos Transportes, admite ter se encontrado com Rodrigues no dia 19 de julho, uma quinta-feira. O vereador afirma que foi “procurado” por Rodrigues na Câmara Municipal.

“Ele disse que estava sendo perseguido. Eu disse que não tinha como ajudar. Ele contou que estava sendo perseguido pela gestão do PT e que precisava de ajuda. Afirmei que a Controladoria-Geral do Município (CGM) era independente e que ele deveria procurar um advogado”, disse o parlamentar.

O vereador disse que nunca se encontrou com Rodrigues em seu diretório na zona leste. “Atendi Rodrigues em uma quinta-feira, durante um intervalo da sessão da CPI.”

Já Donato não foi localizado até as 13h deste sábado para comentar sua citação nas conversas.

Donato admitiu, em nota divulgada na sexta-feira, ter indicado Ronilson para trabalhar na São Paulo Transporte (SPTrans). Disse que a indicação foi feita antes que houvesse investigações contra ele.

A versão contradiz a Prefeitura, que recebeu denúncia sobre o esquema de corrupção envolvendo Rodrigues no ano passado. A equipe de transição, chefiada por Donato, recebeu cópia das acusações.

Na nota, o secretário diz que conheceu Rodrigues na Câmara, enquanto era vereador, mas que nunca se encontrou com os outros suspeitos. “Rodrigues compareceu diversas vezes ao Legislativo, representando o secretário de Finanças da gestão passada, Mauro Ricardo.”

Interceptações telefônicas mostram conversas do auditor Luis Alexandre Magalhães com sua amante que comprometem vários servidores. A mulher ameaça denunciar Magalhães. Além dos membros da quadrilha identificados pela investigação, ela cita pelo menos mais dez pessoas. Fala também “sobre como o dinheiro entrava e saía e sobre o esquema da Odebrecht, que fazia as notas fiscais frias”. A construtora nega qualquer envolvimento no esquema.

Ela ameaça entrar em contato com a imprensa e mandar e-mail relatando a corrupção para Donato, para outros secretários e para o titular da CGM, Mário Vinícius Claussen Spinelli. As ameaças, no entanto, foram feitas quando Spinelli e o promotor Roberto Bodini já investigavam o esquema e preparavam a prisão dos acusados.   

Fonte: Artur Rodrigues, Bruno Ribeiro, Diego Zanchetta e Fabio Leite

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