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Michelle Bolsonaro faz da internação do marido um ‘Big Brother’

O big brother de Bolsonaro

A internação de Jair Bolsonaro (sem partido) no Hospital Vila Nova Star, na Zona Sul de São Paulo, tem servido para tirar a atenção dos temas que preocupam e incomodam o Planalto.

A imprensa noticiou que um andar quase inteiro do hospital foi fechado para receber o presidente. As despesas da internação são bancadas com dinheiro público.

Nas redes sociais, detalhes da estadia do presidente são publicados como enredo de novela, e a principal entusiasta dos registros é Michelle Bolsonaro. Menos de 24 horas após a internação do marido, a primeira-dama recebeu no hospital o maquiador ‘popstar’ Agustin Fernandez, que tem mais de 3 milhões de seguidores.

Michelle compartilhou um vídeo publicado por Agustin, em que ela e o maquiador brindam e se divertem. “Hora do lanche das enfermeiras. Detalhe: a saúde do paciente está melhor que a nossa”, escreveu ele.

No hospital, Michelle ainda fez questão de revelar um presente que ganhou do maquiador: um jogo de xícaras da loja de alto padrão de móveis e decoração Tania Bulhões.

“A cara da riqueza”, comentou a esposa do presidente. As xícaras apresentam detalhes em ouro e cada uma delas custa R$ 145, segundo o site da loja.

Quem também trouxe um agrado para Michelle foi o ex-chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) Fabio Wajngarten.

Sem mostrar muitos detalhes, a primeira-dama gravou as sacolas da Frutaria São Paulo que teriam sido entregues por Wajngarten e o agradece. “Fábio sendo Fábio. Thanks, brother!”.

Michelle ainda divulgou uma imagem de Bolsonaro ao lado de uma outra paciente. Ambos sem máscara, o presidente e a mulher não identificada fizeram sinal de positivo enquanto posavam para a foto. “Custoso demais”, escreveu a primeira-dama.

Do hospital, Bolsonaro entrou ao vivo no programa “Alerta Nacional”, de Sikêra Jr., apresentador que está na folha de pagamento do governo.

No mês passado, o Pragmatismo revelou que Sikêra recebeu R$ 120 mil em cachê da atual gestão federal.

O ‘Big Brother’ de Bolsonaro no hospital repercute na imprensa brasileira.

“Não bastasse o presidente ter feito campanha contra o uso de máscaras na pandemia, chegando ao disparate de tirar a proteção de crianças em um ato de campanha pré-eleitoral no RN, agora são divulgadas fotos dele andando pelos corredores e ao lado de outros pacientes, no hospital Vila Nova Star, sem usar o equipamento”, observou Leonardo Sakamoto.

“Desde que foi internado, Bolsonaro está divulgando mensagens apelativas, buscando empatia da população com seu quadro clínico, a fim de melhorar sua popularidade — que está em baixa por conta das denúncias de corrupção na compra de vacinas por seu governo. Ele confirma não sentir empatia por outras pessoas ao ignorar o uso da máscara nas áreas comuns de um hospital enquanto temos 540 mil mortos”, acrescentou o jornalista.

Sakamoto lembra ainda que Bolsonaro não quis se vacinar porque acredita, erroneamente, que quem pegou o Covid já está protegido.

Desde o início da pandemia, o presidente defende a contaminação ampla da população, acreditando que isso trará uma imunidade de rebanho, fazendo com que o vírus pare de circular.

A tese é rejeitada pela Ciência, uma vez que se trata de uma doença que já matou 540 mil e produz mutações que podem reinfectar de forma grave mesmo os quem já pegaram a doença.

Novas denúncias de corrupção

Nesta sexta-feira (16), uma nova denúncia revelou que o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, negociou a vacina CoronaVac pelo triplo do preço adquirido pelo governo de São Paulo.

Em uma gravação que já está sob posse da CPI, Pazuello teria prometido a um grupo de intermediadores adquirir 30 milhões de doses da vacina chinesa, ofertadas ao governo brasileiro, por quase o triplo do valor negociado com o Instituto Butantan.

O encontro foi realizado no gabinete do então secretário-executivo da pasta, o coronel da reserva Elcio Franco, no dia 11 de março, em uma reunião fora da agenda oficial.

Aparecem no vídeo o general do Exército e quatro pessoas que representariam a World Brands, uma empresa de Santa Catarina que lida com comércio exterior.

A proposta da World Brands — também obtida pelo jornal — oferecia as 30 milhões de doses da vacina do laboratório chinês Sinovac pelo preço de US$ 28 cada dose, e com depósito de metade do valor total da compra — R$ 4,65 bilhões, considerando a cotação do dólar à época — até dois dias após a assinatura do contrato.

Na ocasião, o governo brasileiro já havia anunciado, dois meses antes, a aquisição de 100 milhões de doses da CoronaVac junto ao Butantan, pelo preço de US$10 a dose.

Pazuello foi exonerado do cargo quatro dias depois do encontro em questão, no dia 15 de março.

RPP

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