O ministro José Eduardo Cardozo comentou sua participação no envio à Polícia Federal de documento que acusa políticos do primeiro time do PSDB, DEM e PPS de envolvimento com cartel constituído para fraudar licitações de trens e de metrô em São Paulo.
Ele declarou que apenas cumpriu o seu dever, informam os repórteres Fausto Macedo e Ricardo Chapola.
Cardozo afirmou que recebeu o papelório “em junho, aproximadamente”. Reafirma que recebeu o texto das mãos do deputado petista Simão Pedro, hoje secretário municipal de Serviços do prefeito Fernando Haddad, de São Paulo.
“O Simão me procurou e entregou essa documentação com o relatório. Pediu-me que encaminhasse à PF”, relatou o ministro.
“Ali tinha uma característica: era um relatório minucioso em alguns aspectos, acompanhado de cópias de documentos. Adotei o procedimento padrão. Mandei para a PF examinar a plausibilidade.”
Cardozo disse que o documento não estava assinado. Em notícia veiculada na quinta-feira, o Estadão atribuíra à autoria da peça a Everton Rheinhemer, um ex-diretor da multinacional alemã Siemens, empresa que denunciou a existência do cartel ao Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
Há no enredo do “procedimento padrão” construído pelo ministro algo que foge dos padrões. Em memorando datado de 11 de junho, a PF de Brasília enviara o documento, atribuído ao ex-diretor da Siemens, para sua superintendência em São Paulo.
Nesse memorando, está escrito que os papéis haviam sido remetidos à PF pelo Cade. Órgão da pasta da Justiça, o Cade apressou-se em negar que houvesse repassado o documento à polícia.
Chama-se Vinicius Carvalho o presidente do Cade. Militante do PT, ele foi chefe de gabinete do deputado petista Simão Pedro.
Omitiu o vínculo com o petismo nos currículos oficiais e nas informações que prestou aos senadores que o aprovaram para o cargo.
A omissão rendeu-lhe uma advertência formal da Comissão de Ética da Presidência da República.
Fonte: Fausto Macedo e Ricardo Chapola/Josias de Souza