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O que seria do Brasil do golpe?

O saco secou

Em sua coluna, hoje, na Folha, em rápidas pinceladas, André Singer, especula sobre o que têm a oferecer os que se candidatam a assumir a presidência para a qual Dilma Rousseff foi eleita.

É, em resumo, nada.

Ou melhor, a continuidade do que eles próprios dizem ser o desastre.

“Existe, é verdade, em parte da opinião pública, a crença de que este governo carece de condição para seguir e deve ser interrompido, mesmo que para isso seja necessário forçar a mão das leis. Trata-se de um golpismo branco, auto-justificado pela expressão moral do “assim não dá mais”.

Ocorre que, em política, a frase é incabível, pois à política compete sempre indicar caminhos alternativos e não a impossibilidade moral de continuar.

Qual o projeto nacional do senador Aécio Neves, presidente do PSDB, que na quarta (2) saudou a decisão de Cunha?

O que ele faria diferente de cortar e cortar gastos, esperando que ao fim do austericídio comece a haver uma recuperação, como agora parece ser o caso, por exemplo, na Espanha?

A impopularidade da gestão Aécio seria similar à atual.

Que perspectiva oferece o vice-presidente Michel Temer que, na hora simbólica do pronunciamento presidencial, evitou postar-se ao lado da companheira de chapa?

Até FHC considerou a “ponte para o futuro”, carta-programa firmada por Temer como garantia aos mercados, liberal demais. Se chegar a acontecer, o mandato do PMDB terminará em isolamento semelhante ao que acomete hoje o Planalto.”

Sem desconsiderar os perigos dramáticos da deflagração deste processo, Singer, porém, enxerga a possibilidade de uma retomada de sentido por parte do PT. E por parte do Governo, que precisa fazer algum sentido para ser defendido.

“Operando no fio da navalha, o PT procura, com enormes dificuldades, reencontrar o prumo. A decisão de apoiar a cassação de Cunha, que precipitou a explosão do deputado carioca, bem como a recusa em defender o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), mostra alguma vida no interior da legenda. Resta ver se haverá força para mudar também a política econômica. Nesse caso, a batalha que se aproxima ganharia algum sentido positivo”.

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