Apresentada na semana passada como panaceia capaz de impulsionar a economia, a chamada ‘Agenda Brasil’ começa a ganhar a aparência de uma peça ficcional.
Articulador político do governo, o vice-presidente Michel Temer procurou os presidentes do Senado e da Câmara.
Sugeriu a Renan Calheiros e Eduardo Cunha que se reunissem para articular a aprovação dos projetos nas duas Casas do Legislativo.
Com um entendimento entre ambos seria difícil aprovar os projetos da tal agenda. Sem essa negociação, as propostas estão fadadas a virar recheio de gavetas.
Se aprovadas no Senado, empacarão na Câmara. Sintomaticamente, Temer, Renan e Cunha pertencem ao mesmo partido, o PMDB.
Divididos, terão dificuldades para seduzir outras legendas. A começar pelo PT, que rejeita parte da agenda.
Temer contactou primeiro Renan, a quem se atribui a iniciativa de reunir, em cima do joelho, os projetos que o governo encampou.
O senador resistiu à ideia de se reunir com o colega da Câmara. Procurado em seguida, Cunha também levou o pé atrás.
Ex-aliados, Renan e Cunha remarão em sentido oposto nesta terça-feira.
Reconvertido ao governismo, o presidente do Senado tentará presentear Dilma com a aprovação do projeto que eleva a tributação da folha salarial de 56 setores econômicos, última pendência do chamado ajuste fiscal do governo.
Autoproclamado oposicionista, o presidente da Câmara se esforçará para aprovar a proposta que corrige os depósitos no FGTS pelo índice da caderneta de poupança, tachada pelo Planalto de ‘bomba fiscal’.
Reunida na noite desta segunda com o líder do governo José Guimarães (PT-CE) e seus vice-líderes, Dilma pediu que deem um jeito de desativar o artefato.
Josias Souza