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Sonegar direitos do trabalhador e crédito barato para empresas

O senhor Jair Bolsonaro diz que os direitos trabalhistas são um “peso no cangote” do empresariado.

E enquanto a atenção está voltada para suas encrencas políticas, planeja uma “inversão de cangote”, anuncia o Estadão.

Vai transformar dívida trabalhista numa forma de crédito barata para os maus empresários.

Como?

Hoje, as dívidas trabalhistas – isto é, o que tinha de ser pago de hora-extra e 13° salário, por exemplo, é corrigido pela inflação (IPCA) e 12 % ao ano. Isso resulta em algo como 16% anuais.

Paulo Guedes, diz o Estadão, prepara uma proposta para que se pague corrigida por IPCA + mais o juro da Caderneta de Poupança, o que levaria a correção a menos de 7 % ao ano.

Qualquer dívida civil cobrada judicialmente tem juros de mora de 1% ao mês, de acordo com o Código Civil, ou 12% ao ano. O mesmo percentual que seria aplicado a uma dívida trabalhista reconhecida na Justiça.

Ou seja, a correção das dívidas equivalia.

Como isso já é muito menos do que a taxa com que se obtém dinheiro no mercado, muitas empresas se financiam sonegando direitos do trabalhador.

Vai ficar melhor ainda.

Entre pagar 30% ao mês numa linha de crédito de capital de giro e 7% ao desgraçado que ficou sem receber o salário, o que você acha que vai acontecer?

O que já acontece, quando o crédito trabalhista tem uma correção apenas inflacionária, porque o outro indexador, a TR, está zerada.

É isso a política deste governo para o trabalho: vilipendiá-lo em nome de uma retomada econômica que não acontece justo por isso: o trabalho e o salário foram feitos de vilões, ao contrário de solução que são para um país que pretenda crescer.

Fernando Brito

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