Enquanto o mundo inteiro correu atrás de vacina, o governo brasileiro, sob a gestão de Jair Bolsonaro, apostou em cloroquina, um remédio ineficaz contra a Covid-19, que foi distribuído a milhares de pacientes como “tratamento precoce”.
Em razão desta política desastrosa, o Brasil registrava, no dia 5 de maio de 2021, nada menos do que 12,8% das mortes por coronavírus no mundo (414 mil de um total de 3,2 milhões), muito embora tenha menos de 3% da população mundial.
O Brasil foi, portanto, o epicentro da segunda onda da Covid-19 no mundo, que se alastrou a partir da cidade de Manaus, capital do Amazonas.
Distribuir cloroquina, quando já se sabia que era um remédio ineficaz contra a covid-19, foi uma política oficial do Ministério da Saúde, conforme já foi até confessado pela médica Mayra Pinheiro, secretária de gestão de Trabalho da pasta, curiosamente batizada como “capitã cloroquina”.
A cloroquina é o tema central da CPI da Pandemia, que já fez descobertas importantes.
Dois ex-ministros da Saúde, Henrique Mandetta e Nelson Teich, revelaram que deixaram seus cargos porque se negaram a ceder às pressões do presidente Jair Bolsonaro, e também de seus filhos, para prescrever a cloroquina.
Mais grave do que isso, a CPI também revelou a existência de um decreto para alterar a bula da cloroquina.
O que explica o grande interesse pelo tema de Jair Bolsonaro, que chegou até a propagandear o remédio, mesmo sem ser médico?
Promover a “imunidade de rebanho”, para que o comércio fosse aberto mais rapidamente?
Ou defender interesses privados na produção e na comercialização deste remédio?
Por que o Exército brasileiro foi obrigado a produzir cloroquina, enquanto as forças armadas de outros países dedicaram-se a produzir máscaras e Equipamentos de Proteção Individual?
Por que o governo brasileiro recebeu do governo de Donald Trump doações de comprimidos de cloroquina, que não foram utilizados nos Estados Unidos?
Para responder a estas questões, o jornalista Joaquim de Carvalho, um dos maiores repórteres investigativos do País, irá a campo para produzir uma grande reportagem sobre o tema.
Joaquim entrevistará cientistas, técnicos em saúde, parlamentares e representantes da indústria farmacêutica, envolvidos na produção de cloroquina e também de vacinas, que seriam a saída mais eficiente no combate à Covid-19.
Representantes dos conselhos de medicina também serão ouvidos.
O documentário entrevistará ainda familiares de vítimas do tratamento precoce, ou seja, pessoas que perderam seus entes queridos após a ingestão de remédios ineficazes.
Os interesses econômicos em torno da cloroquina serão também desvendados.
Ao mesmo tempo em que Jair Bolsonaro mentia sobre a cloroquina (ou hidroxicloroquina), um dos fabricantes do remédio no Brasil, a Apsen, que obteve empréstimos do BNDES, aumentava o seu faturamento.
As vendas de cloroquina ajudaram o laboratório a alcançar uma receita recorde em 2020, em torno de R$ 1 bilhão, o que representou alta de 18% em relação ao ano anterior.
Bolsonaro correu atrás de uma ema, no Palácio da Alvorada, com cápsulas de cloroquina por ser incapaz ou porque defendia interesses privados?
No caso do laboratório, o dono da empresa, Renato Spallicci, é militante bolsonarista na rede social.
E Bolsonaro apareceu em mais de uma oportunidade exibindo caixa do medicamento com a marca da empresa, inclusive num encontro com líderes do G-20.
Outros laboratórios que produzem o medicamento também tiveram aumento expressivo em suas vendas, como a EMS.
Um fabricante francês de cloroquina, o laboratório Sanofi-Aventis, autorizado pela Anvisa a vender o remédio no Brasil, também foi prestigiado pela família Bolsonaro.
O filho Eduardo publicou uma foto em que Donald Trump, então presidente dos EUA, segurava uma caixa do medicamento. Detalhe: Trump é acionista da empresa.
Joaquim de Carvalho, que realizou o documentário da TV 247 sobre Walter Delgatti, terá em sua equipe a experiente jornalista Denise Assis, que já atuou na produção de diversas reportagens investigativas, e do cinegrafista Eric Monteiro.
Os recursos arrecadados serão utilizados para custear as viagens, o deslocamento para as entrevistas e todo o trabalho de edição do documentário, que não terá fins lucrativos.