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Cobra Naja faz duas vítimas na Polícia Militar do Distrito Federal

vídeo de transporte de cobras Nija

A prisão do estudante Pedro Krambeck, de 22 anos, levou ao desbaratamento de um esquema de tráfico internacional de animais silvestres que ganhou repercussão em todo o Brasil.

No entanto, policiais que participaram das ações que desvendaram o esquema foram afastados. Isto porque o padrasto de Pedro Krambeck é Clovis Eduardo Condi, coronel da Polícia Militar de Brasília.

O comandante do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), major Elias Costa, e o subcomandante da unidade, capitão Cristiano Rocha, perderam seus cargos e foram remanejados.

A exoneração do major Elias e do capitão Da Rocha causou estranheza na corporação.

Eles foram afastados justamente após conseguirem desvendar o mistério da cobra, que foi abandonada próximo a um shopping, à beira do Lago Paranoá, no dia seguinte à picada no estudante de veterinária.

“Fiz o meu trabalho. Eu sei que por trás disso há uma rede grande de tráfico de animais, que atua não só no Brasil. Há pessoas poderosas envolvidas”, disse o major Elias Costa.

“Eu representava uma ameaça porque cumpria o meu dever. Apreendi mais de 10 cobras e ia continuar apreendendo. Tentaram me atingir achando que eu era a parte mais fraca, mas a verdade vai aparecer e eles vão descobrir que miraram no mais forte”, acrescentou o major, que foi rebaixado para o Departamento Operacional (DOp).

O BPMA levantou todas as informações que levaram à descoberta do comércio ilegal de animais silvestres e à demissão de funcionários do Ibama suspeitos de participar do esquema.

Apenas com pessoas ligadas a Pedro Krambeck foram localizadas mais de 20 serpentes exóticas, proibidas no Brasil.

“O Batalhão mexeu num ninho de cobras e viraram bois de piranha”, ironizou um oficial em declaração ao jornal Brasília Capital. Ele lembra ainda que, além de coronel, o padrasto de Pedro Krambeck é irmão do atual sobcomandante-geral da corporação, coronel Cláudio Fernando Condi.

Coronel ajudou a esconder Naja

O jornal Metrópoles, de Brasília, teve acesso na terça-feira (18) a imagens comprometedoras que mostram o coronel Clovis Eduardo Condi saindo do apartamento onde mora com caixas possivelmente carregadas de serpentes contrabandeadas, incluindo a Naja que picou seu enteado Pedro Krambeck.

As gravações, do dia seguinte em que o Pedro foi picado pela Naja, mostram o coronel da PM ajudando a esconder as cobras clandestinas.

O vídeo foi registrado por uma câmera do elevador no dia 8 de julho às 13h09.

Ele fica pouco mais de um minuto dentro do local. Com eles, também havia camundongos, que servem de alimento para as serpentes.

Condi, acompanhado pelo seu filho menor e por um amigo de Pedro, retirou as serpentes do interior da residência da família com auxílio de um carrinho de compras. Ele carrega as caixas cobertas com um pano vermelho.

Na parte inferior da imagem, é possível ver um recipiente com cobra. Os potes são semelhantes aos apreendidos pela Polícia Militar Ambiental.

Em alguns momentos do vídeo, Condi olha para as câmeras de segurança.

Segundo as investigações, Condi e a esposa, Rose Meire, mandaram o amigo de Pedro “dar sumiço” nos animais. Após a determinação, o jovem teria feito um acordo com a PM ambiental para entregar os animais e não ser preso.

Sócio de 4 empresas

O coronel Clovis Eduardo Condi é sócio de quatro empresas na capital do país.

A prática é proibida a PMs que não se aposentaram.

De acordo com a Lei nº 7.289, de 18 de dezembro de 1984, ao policial militar da ativa “é vedado comerciar ou tomar parte na administração ou gerência de sociedade ou dela ser sócio”.

A única exceção é para militares acionistas ou quotistas em sociedade anônima, o que não se aplica ao caso do oficial da corporação brasiliense.

Os dados mostram que o militar firmou a primeira parceria comercial em 27 de junho de 1995.

O capital social de suas propriedades soma R$ 436 mil. O coronel é dono de uma panificadora e de lojas da rede internacional de fast-food Subway.

Indiciamento

Pedro Krambeck será indiciado por tráfico de animais silvestres e por maus-tratos pelo número correspondente de cobras relacionadas a ele: 23. Além disso, o jovem responderá por associação criminosa e exercício ilegal da profissão.

O delegado Willian Andrade ainda confirmou o indiciamento de outras 11 pessoas, incluindo a mãe e o padrasto de Pedro.

R.P.P

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