A CEO da VTC Log, Andreia Lima, admitiu, em entrevista exclusiva, ter cobrado o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias pela assinatura de um aditivo de R$ 18 milhões em favor da empresa, valor 1.800% maior do que o avaliado pela área técnica da pasta.
Ela negou, no entanto, que a companhia tenha pago propina para manter seus contratos com o governo.
A VTC Log entrou na mira da CPI da Covid sob suspeita de irregularidades nos contratos com a pasta . Dias deixou o cargo no fim de junho.
Segundo a empresária, as cobranças faziam parte do esforço da empresa de resolver uma pendência que se arrastava há mais de um ano.
O Ministério da Saúde e a VTC Log discordavam do critério adotado pela pasta para o pagamento de parte dos serviços prestados.
Nas contas do ministério, a empresa deveria receber cerca de R$ 1 milhão. Para a empresa, o valor devido era de R$ 57 milhões. A VTC, então, fez uma proposta de R$ 18 milhões, que foi aceita.
Ela negou ter relação com políticos e disse apenas que conheceu o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, “em um evento”.
A senhora e Roberto Dias se falaram 135 vezes entre abril de 2020 e maio de 2021. O que explica todas essas ligações?
A razão disso foi o início da pandemia. Eu, na qualidade de diretora-executiva da empresa, fiquei no centro de distribuição em São Paulo.
Começamos a enfrentar problemas porque os voos foram paralisados e precisávamos distribuir insumos para o ministério como álcool em gel, máscaras…
AditivoEm virtude de uma situação que a gente nunca tinha vivido, o diretor de logística (Roberto Dias) foi o contato para organizar essa logística.
Nessas ligações, vocês também trataram do aditivo de R$ 18 milhões assinado em maio deste ano?
Eu cobrei, sim. Venho cobrando esse aditivo desde 2019. É um assunto que a gente vem tentando resolver desde o primeiro faturamento.
Agência O Globo