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Guerra entre milicianos e traficantes na favela da Zona Oeste deixou mortos e feridos

Foto: Reprodução/TV Globo

Moradores das favelas do Rola, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, foram acordados, na madrugada desta segunda-feira, ao som de um intenso tiroteio. Milicianos e traficantes que disputam o controle da região estão em confronto desde 4h30. O confronto resultou um morto e três feridos.

Segundo o porta-voz da Polícia Militar, major Ivan Blaz, entre os feridos está um menor de idade com mandado mandado de apreensão.

Dois dos feridos foram para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra; e o outro, para o Hospital Pedro II, em Santa Cruz.

Por volta das 8h, a PM informou, em seu perfil oficial, que policiais iniciaram uma operação na Comunidade do Rola e pede que a população que tenha o máximo cuidadona região.

Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhção de Choque estão atuando na comunidade.

A Avenida Antares, em Santa Cruz, que divide as favelas de Antares e Rola, permanece fechada com bloqueio feito por policiais militares do 27º BPM que chegaram ao local para tentar intervir na guerra entre milicianos e traficantes.

Segundo a funcionária de uma loja na Avenida Cesário de Melo, traficantes de drogas estão tentando retomar o controle da Favela do Rola, que foi tomada desses criminosos por milicianos em julho.

– Moro em Campo Grande e antes de vir liguei para a dona da loja. Ela disse para que eu ficasse em casa, mas eu preciso trabalhar. Desde as 5h, muitos tiros já foram disparados.

Os policiais tentam evitar que pessoas circulem pela Avenida Cesário. Mas muita gente alega que mora no caminho e arrisca assim mesmo. É muito perigoso – comentou a comerciária.

O trânsito de veículos na Estrada da Pedra, que faz esquina com Avenida Cesário de Melo, também foi interrompido por policiais militares até pouco antes das 10h. A medida foi uma forma de assegurar a integridade física dos motoristas.

Milicianos com roupas pretas e balaclavas e fortemente armados foram flagrados em disputa territorial com traficantes na manhã desta segunda-feira. O aposentado João Álvares, de 72 anos, mora em Sepetiba e veio buscar a mulher na saída do trabalho na Avenida Cesário de Melo.

– Quando vi pela televisão o que estava acontecendo, telefonei para minha mulher dizendo que estava indo buscá-la porque é muito perigoso se arriscar a caminhar pela rua em busca de condução. Esse é um problema constante nessa região – lamentou.

Um casal que seguia de carro pela Avenida Cesário de Melo quis cruzar a Estrada da Pedra e entrar na comunidade Cesarão, mas foi impedido por policiais militares. Teve que entrar na Estrada da Pedra para fazer o retorno a cerca de 500 metros, voltar pela via, para ter acesso à comunidade onde mora.

– É sempre assim. E os prejudicados são pessoas que não têm nada a ver com isso, com essa guerra que acontece – disse o motorista, que não quis se identificar.

Um outro motorista tentou furar o bloqueio na esquina da Cesário de Melo com a Estrada da Pedra. Mas foi contido por policiais militares e levou uma bronca. PMs chegaram a apontar pistolas e um fuzil na direção do homem.

– Eu não sou vagabundo para apontarem armas para mim – reclamou.

– E por acaso eu sei que o senhor não é vagabundo? – respondeu um policial militar.

Um blindado da Polícia Militar entrou na favela do Rola. Outro circula pela região. Por volta das 9h ainda podia-se ouvir barulho de tiros. Por causa do confronto, o sistema BRT interrompeu os serviços na Transoeste às 5h e, segundo a diretora de relações institucionais do BRT, Suzy Balloussier, ainda não há previsão para que a linha entre em atividade:

– Sempre que acontece alguma coisa nessa região fechamos o sistema para evitar contratempos Com balas perdidas como aconteceu há cerca de um mês com um funcionário da SuperVia. Lamentamos o transtorno causado aos usuários mas é um procedimento necessário.

Nas redes sociais, os relatos são de guerra:

— Desde 4h50m tentando sair de casa e a guerra não para — lamentou um morador.

— Eu moro a 5 quilômetros de distância e está muito alto o barulho. Só armamento pesado — relatou outra moradora vizinha à comunidade.

Em imagens feitas pelo Globocop, da TV Globo, os milicianos aparecem com armamento pesados e alguns estão com uniformes semelhantes aos da polícia. O grupo invade residências e aparecem fazendo disparos.

Em entrevista ao Bom Dia Rio, o major Ivan Blaz, porta-voz da PM, disse que não são policiais e sim milicianos disputando o controle da região. Segundo Ivan Blaz, policiais militares estão seguindo para o local.

Gustavo Goulart

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