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Mãe falseia razão da morte do filho, culpa vacina e ganha status de “líder” na direita

Arlene Graf (à esquerda) e Bruno Graf: mãe usa morte do filho para fazer campanha contra vacinação

A mãe do advogado Bruno Graf, que morreu 12 dias depois de ter tomado a vacina contra a covid-19, se tornou uma das líderes da luta contra a imunização no Brasil.

Apesar de Bruno ter morrido com suspeita de coronavírus, Arlene Graf passou a divulgar que ele teria sofrido um AVC em decorrência do uso da vacina.

 Com 28 anos de idade, Bruno foi internado no Hospital Santa Catarina, em Blumenau (SC), em 23 de agosto, com febre e fortes dores de cabeça.

No atestado de óbito, consta que o jovem sofreu uma trombose e um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Segundo a unidade hospitalar, o prontuário registra suspeita de que Bruno pudesse estar com covid-19.

O filho de Arlene morreu em 28 de agosto. Em comunicado, a Prefeitura de Blumenau afirmou que não há evidências de que a causa da morte de Bruno foi a vacina contra a covid-19.

Um estudo de pesquisadores da Universidade de Oxford indica que o risco de ocorrer trombose venosa cerebral (CVT, no acrônimo em inglês) em pessoas contaminadas com covid-19 é consideravelmente maior do que nas que receberam vacinas baseadas na tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), como os imunizantes da AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A informação falseada de Arlene sobre a morte do próprio filho ganhou o país: foi debatida ao vivo pela Rádio Jovem Pan, divulgada por um grupo de médicos bolsonaristas chamado “Médicos Pela Vida” e motivou a convocação de manifestações antivacina com o apoio de vereadores e deputados estaduais bolsonaristas em várias regiões do país.

Em entrevista ao site evangélico Pleno.News, Arlene disse ter feito um exame chamado Anti-Heparina PF4 Autoimune, disponível na Espanha, no valor de R$ 3.875,00, para confirmar a razão da morte do filho. Cerca de 15 dias depois, segundo Arlene, o resultado do exame teria mostrado a relação direta da vacina com o óbito.

Ela, contudo, não apresentou os supostos laudos. Procurada, não respondeu aos contatos da reportagem.

A morte do filho alçou Arlene Graf ao status de líder antivacina na extrema-direita brasileira.

Ela passou a convocar a interagir nas redes com políticos alinhados a Bolsonaro, como a vereadora de São Paulo, Sonaira Fernandes (PSL), e foi convidada até para discursar em audiência pública na Câmara Municipal de Goiânia.

Arlene tem, hoje, mais de 20 mil seguidores no Twitter. Na descrição de seu perfil, convoca: “Ajudem [a] divulgar os perigos vacina”.

Na sexta-feira (8), a vereadora Sonaira Fernandes anunciou o adiamento de uma manifestação contra a obrigatoriedade da vacina em função de “apoio” ao ato que está sendo organizado por Arlene.

Paulo MotorynMÃE

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