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Médico preso por estuprar grávida durante o parto já trabalhou em 10 hospitais

Giovanni Quintella, anestesista estuprador

O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, 32, foi preso em flagrante nesta segunda-feira (11) pelo crime de estupro.

Um vídeo gravado com um celular escondido na sala de cirurgia do Hospital da Mulher, em Vilar dos Teles, em São João de Meriti (RJ), mostra o profissional colocando o pênis na boca da paciente, que está dopada para o nascimento do bebê.

O vídeo foi gravado e entregue à polícia por enfermeiras da unidade, que desconfiaram da quantidade de sedativo usado pelo anestesista em outras ocasiões e da movimentação dele próximo a pacientes.

Nas imagens gravadas, a mulher aparece deitada e inconsciente durante o parto. Do lado direito do lençol, sempre usado em cesarianas, o médico aparece colocando o pênis para fora e introduzindo o órgão na boca da mulher.

O ato dura dez minutos. Do outro lado do lençol, a menos de um metro de distância, está a equipe médica trabalhando no nascimento do bebê.

Giovanni Quintella Bezerra usava as redes sociais para mostrar a rotina nos plantões noturnos que dava em diferentes hospitais —incluindo imagens de pacientes sedadas, com partes do corpo expostas, como braços e pernas, e de crianças recém-nascidas, logo depois dos partos.

Em foto publicada há oito meses, escreveu, na legenda: “Vocês ainda vão ouvir falar de mim. Esperem!”.

Em diversas imagens publicadas no feed ou nos stories em destaque, ele aparece sendo fotografado por colegas durante o exercício do trabalho, em salas de cirurgia, aplicando injeções e manipulando equipamentos; em parte delas, é possível ver partes do corpo de pacientes já anestesiados. Em outras, filmava e mostrava o rosto de bebês.

Segundo a resolução CFM 1974/11 do Conselho Federal de Medicina, “é vedado ao médico, (…) no uso das redes sociais, expor a figura de paciente como forma de divulgar técnica, método ou resultado de tratamento”.

Ele usava as legendas para falar sobre a profissão: “Faço o que gosto e estou colhendo os frutos” e “vou ganhando meu espaço na profissão que escolhi fazer a diferença”, escreveu, em algumas fotos.

Em outra, diz que ser anestesista era um sonho. Outras cenas mostram o médico dormindo no hospital e se queixando das poucas horas de sono, entre um atendimento e outro.

Em publicação feita em fevereiro, o médico mostra seu diploma de anestesista, emitido em 30 de janeiro deste ano pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia.

O documento diz que Giovanni foi aprovado no curso “Suporte Avançado de Vida em Anestesia”, realizado no Rio de Janeiro, com duração de 16 horas. Há, também, imagens dele durante o curso, dizendo que “conhecimento nunca é demais” e que “sabedoria é afrodisíaco”

“Nunca vi nada parecido”

De acordo com a delegada Bárbara Lomba, responsável pela prisão, o celular foi colocado em um armário do centro cirúrgico que possuía um vidro escuro, virado para o local onde o anestesista costumava ficar – próximo ao rosto da paciente.

Segundo a delegada, a sedação total de outras pacientes grávidas levantou suspeitas sobre a atuação dele.

“Não há dúvidas em relação ao crime praticado. Essa equipe vinha suspeitando dos procedimentos que o médico vinha adotando em outras cirurgias.

Principalmente a sedação desnecessária e a tentativa de dificultar a visão de outros médicos de uma parte do corpo da vítima, onde ele atuava, do pescoço para cima. Ele usava uma roupa muito grande e comprida que também não era muito comum usar e sempre usava essa sedação que a equipe avaliava como desnecessária e começou a suspeitar dele”.

“Nunca tinha visto nada parecido. A gente tem 21 anos de atuação na polícia, acostumados com atrocidades, toda sorte de violência”, emendou a delegada.

Giovanni atuou em pelo menos 10 hospitais públicos e privados e se formou em 2017.

A investigação tentará descobrir quantas mulheres já foram vítimas do anestesista. A pena para o crime de estupro de vulnerável varia de 8 a 15 anos de prisão.

RPP

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