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Vaza Jato revela fraude na Lava Jato peruana contra ex-presidente

Vaza Jato revela fraude na Lava Jato peruana contra ex-presidente Foto: Reprodução

Novas revelações do Intercept Brasil, desta vez em parceria com o site de jornalismo investigativo OjoPúblico, apontam que dois membros do Ministério Público do Peru foram gravados induzindo um preso a mentir ou a omitir fatos sobre sua ligação com investigados na Lava Jato peruana, principalmente funcionários da empreiteira Odebrecht. O objetivo era afastar eventuais contradições nas denúncias de investigadores contra políticos do país, entre eles o ex-presidente Ollanta Humala.

O preso é Martín Belaunde Lossio, um marqueteiro e operador político. Ex-braço direito de Humala em campanhas presidenciais, ele cogita se tornar delator premiado para se livrar da prisão.  Lossio é peça-chave em ao menos um processo contra o político, que governou o Peru entre 2011 e 2016.

De acordo com as gravações, o marqueteiro afirma que um procurador do Equipo Especial (equivalente à força-tarefa da Lava Jato no Brasil) lhe pediu para mentir e dizer que não sabia de uma alegada doação eleitoral de US$ 400 mil da Odebrecht a Humala porque o ex-diretor da construtora Jorge Barata havia negado ter feito o pagamento.

“O que o senhor vai nos dizer precisa ter concordância com a tese da procuradoria”, deixa claro outro procurador, David Castillo, a Belaunde e seu defensor, Luis Fernando de la Cruz, em um dos áudios.

Segundo a reportagem do Intercept, “a atividade de empreiteiras brasileiras no Peru está no radar de autoridades locais pelo menos desde 2015, quando a Lava Jato ainda era um fenômeno em expansão no Brasil”. “Naquele ano começaram a repercutir, na imprensa do país, episódios como uma operação em São Paulo contra Zaida Sisson, esposa de um ex-ministro do Peru e próxima de José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil do governo Lula, e relatos de que operadores do doleiro Alberto Youssef teriam viajado a Lima com dinheiro escondido”.

Em outubro de 2015, o Congresso peruano abriu uma Comissão Investigadora para investigar obras que Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e outras empreiteiras tocaram no Peru. “Em junho de 2016, após quase nove meses de trabalho, os parlamentares apuraram suspeitas de irregularidades em oito projetos, mas o presidente da comissão, o deputado Juan Pari, foi isolado e teve que assinar sozinho o relatório final, que não chegou a ser lido em plenário”, diz a matéria.

“Como no Brasil, a Lava Jato peruana causou um terremoto na política local. Quatro ex-presidentes foram alvos de mandados de prisão preventiva — um deles, Alan García, atirou contra a própria cabeça antes de ser preso em abril passado. Alejandro Toledo (atualmente preso nos Estados Unidos a pedido da Lava Jato peruana) e Pedro Pablo Kuczynski (que renunciou diante da iminência de um impeachment após acusação de receber propina da Odebrecht) também estão na mira dos procuradores”.

Brasil 247

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