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Ao criticar Dilma Rousseff a economista Elane Landau atira no próprio pé

Felipão deixa, oficialmente, hoje o comando da seleção brasileira após as últimas derrotas na Copa do Mundo, segundo anunciou a rede Globo nas primeiras horas de hoje.

Fora dos gramados o mundo rasga elogios ao Brasil pela organização do Mundial.

Diante do cenário, o colunista da Revista Istoé, Paulo Moreira Leite, relembra elogios proferidos pelo presidenciável tucano Aécio Neves a Felipão para dizer que governo Dilma não seguia seu padrão: ‘ele era “leal”, “transparente”, não escalava amigos e pensava no Brasil em primeiro lugar’.

Vamos relembrar.

Aécio disse que Felipão era “leal”, “transparente”, não escalava amigos e pensava no Brasil em primeiro lugar.

Recém-instalada em sua tribuna na Folha de S. Paulo, onde passará os próximos dias da campanha presidencial, a economista tucana Elena Landau acaba de morder a língua em público.

Diretora do Banco Central nos tempos de Fernando Henrique Cardoso, Elena Landau aproveitou a derrota da Seleção na Copa de 2014 para tentar dar uma força ao candidato de sua preferência e prejudicar Dilma Rousseff.

Hoje ela lembra que, no ano passado, em meio aos protestos de junho de 2013, que pediam um governo padrão-FIFA, Dilma disse que fazia um governo padrão-Felipão.

Procurando unir a derrota da seleção na Copa ao desempenho do governo que deveria combater com ideias e projetos, Elena Landau não resistiu e abusa de um truque primitivo:

“Nesse momento, é inevitável lembrar uma frase da presidente Dilma: “Meu governo é padrão Felipão”. De fato. Em tudo se assemelha a ele. Diante de todas as evidências de que o modelo econômico não está funcionando, o governo insiste na mesma trajetória e aprofunda os erros. De forma arrogante, a presidente chama os que dela discordam de pessimistas –“eles”–, enquanto “nós” sabemos o que é bom para a sociedade. Seu distanciamento da realidade e do eleitor também lembra a CBF. Isolada em seu castelo, diz que vai tudo muito bem e nada precisa ser revisto.” Disse Elena Landau.

O problema é que, há exatamente um ano, quando Dilma fez a frase, o candidato Aécio Neves veio a publico… para defender Felipão.

Em 8/7/2013 publicou um artigo — no mesmo espaço que a economista agora ocupa — onde sugeria que o técnico era tão bom, tão competente, tão capaz, que a presidente sequer tinha o direito de comparar qualquer traço de seu governo com ele.

Olha só o que Aécio escreveu:

“A presidente Dilma Rousseff cometeu enorme injustiça com o técnico Luiz Felipe Scolari ao dizer que seu governo tem um “padrão Felipão”. Foi uma comparação infeliz, já que em nada os “times” se assemelham. A primeira grande diferença é que Felipão convocaria os melhores, e não os mais próximos ou os mais amigos.

Por tudo que os brasileiros conhecem dele, sabem que não toleraria qualquer tipo de privilégio. Transparente como é, seria intransigente com os desvios, a má conduta e a corrupção. Corajoso, jamais jogaria só para a torcida, evitando decisões às vezes difíceis e impopulares, mas necessárias.

Onde o treinador está a sua liderança se estabelece naturalmente pelo respeito e competência. Suas firmes convicções nunca o impediram de aceitar críticas e reconhecer erros quando eles ocorrem.”

Descobrindo até insuspeitas virtudes de caráter políticos do técnico do time que seria vencido por 7 a 1 em Belo Horizonte e por 3 a 0 em Brasília, Aécio ainda acrescentou:

“(Felipão) Aprendeu a acolher o sentimento nacional do que se convencionou chamar, simbolicamente, de pátria de chuteiras, que jamais imaginou dividir em duas. Não ignora os que gritam das arquibancadas. Sabe, como poucos, canalizar a energia da massa em favor do seu time para a superação de grandes desafios.”

E não foi só isso. Empolgadíssimo, Aécio chega a imaginar que Felipão seria um ótimo exemplo como gestor público.

Vejamo que disse Aécio: “Se introduzido como paradigma para administração pública, o padrão Felipão mudaria importantes prioridades do governo. Logo de início, certamente armaria uma defesa intransponível contra a inflação.
Seus volantes marcariam a corrupção sob pressão.
A articulação do meio-campo se daria sob o regime de alta transparência e solidariedade de esforços.
No ataque, a criatividade e o talento brasileiro ganhariam espaço e estímulo para aplicar goleadas nos nossos verdadeiros inimigos. A desigualdade, a ignorância, a violência, a injustiça e o baixo crescimento não teriam espaço.

Com um padrão Felipão correríamos dez vezes mais, de forma organizada, perseguindo objetivos claros.
A leniência estaria fadada ao banco de reservas, a incompetência levaria cartão vermelho assim que entrasse em campo, e o improviso não provocaria vaias nos estádios lotados.

O estilo Scolari não canta vitórias antes da hora, não permite salto alto e nem desrespeito ao oponente.

Entende os adversários como adversários, nunca como inimigos, e é capaz inclusive de reconhecer méritos neles.

É duro, mas leal e verdadeiro. Sofre cada segundo enquanto seus jogadores se matam em campo pelo melhor resultado. Quando perde – e às vezes perde -, é o primeiro a assumir suas responsabilidades. Não a transfere nem terceiriza e sempre acrescenta algum aprendizado.

Exemplos como o do técnico são preciosos quando ultrapassam a fronteira do utilitarismo e da apropriação indevida e incorporam valores como qualidade, espírito de equipe e convergência em torno de causas comuns. Sem esquecer o mais importante: o Brasil em primeiro lugar.

O que isso mostra?

Em primeiro lugar, o óbvio: é sempre bom conhecer o próprio candidato antes de sair por aí criticando os adversários.

Em caso de dificuldade, uma pesquisinha básica no google ajuda muito. Em segundo lugar, é claro que futebol pode trazer alegrias e tristezas — mas é preciso ter muita sabedoria para entender o que ele tem a ensinar sobre a política — e vice-versa.

Em terceiro lugar: uma boa campanha eleitoral se faz com ideias — e não com truques elementares para confundir os eleitores.    

Fonte: Redação com informação de B.247

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