Mais uma crise interna dentro do governo de Jair Bolsonaro: desta vez, envolvendo a Secretaria de Comunicação, o ministro general Carlos Alberto dos Santos Cruz, a negativa do mandatário sobre a regulamentação da mídia e, mais uma vez, Olavo de Carvalho. Após o episódio, os militares do governo se movimentam para evitar a saída de Santos Cruz.
Neste final de semana, umas das polêmicas que esteve envolvido o mandatário, seus filhos e Olavo de Carvalho tiveram como mira o general Santos Cruz, que comanda a Secom.
O problema teve início com uma série de críticas de Olavo de Carvalho, que disparou nas redes sociais que o ministro “fofoca e difama pelas costas”.
No mesmo dia, o general respondeu, em entrevista ao site Poder 360, que Olavo era um “desocupado esquizofrênico”.
O suficiente para diversos seguidores e apoiadores de Olavo, entre eles os filhos do mandatário, Carlos e Eduardo Bolsonaro, atacarem o ministro.
O mote usado foi uma outra entrevista de Santos Cruz, concedida no mês passado ao Estadão, falando que era preciso “disciplinar” o uso das redes sociais e que a legislação sobre o tema deveria ser aprimorada.
“Depois de anos de um governo que tentou leis de Controle de Mídia com Franklin Martins e Marco Civil Internet com os baba ovo, ouvir isso é de f… Cúpula estranha se forma no governo.
Fiquem de olho”, acendeu o humorista Danilo Gentili, o que foi compartilhado por mais e mais seguidores.
O vereador Carlos Bolsonaro (PSC) disse que “a internet livre foi o que trouxe Bolsonaro até à Presidência” e defendeu que “numa democracia, respeitar as liberdades não significa ficar de quatro para a imprensa, mas sempre permitir que exista a liberdade das mídias!”.
Já o outro filho do mandatário, Eduardo, remeteu os ataques ao ex-presidente Lula, sobre a proposta de regulamentar a mídia, dizendo que isso seria ditadura: “toda ditadura controla os meios de comunicação sob o pretexto de ‘melhorá-los’, ‘democratizá-los’ ou de barrar fake news e crimes de ódio”, atacou.
Também entrou nos ataques o ex-juiz da Lava Jato e ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro, que adotou a mesma linha de Eduardo de atacar os governos anteriores, de Lula e Dilma:
“bom lembrar que não fosse a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, estaríamos hoje sob ‘controle social’ da mídia e do Judiciário e que estava expresso no programa da oposição ‘democrática’.”
Saída ou permanência de ministro?
Diante dos ataques coordenados, partindo de Olavo de Carvalho, endossado por Gentilli, somando à família Bolsonaro e chegando até a Moro, o setor militar do governo Bolsonaro já começou a se movimentar para evitar a saída do ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz da Secretaria de Governo que comanda a Comunicação, .
Em encontro fora da agenda oficial, Jair Bolsonaro recebeu Santos Cruz, no Palácio da Alvorada, aonde se encontraram por cerca de uma hora e meia.
De acordo com o colunista Tales Faria, do Uol, ele teria deixado claro ao presidente que não quer passar pelos mesmos constrangimentos que Gustavo Bebiano, que foi alvo de duros ataques de bolsonaristas, olavistas e de membros dentro do governo.
Na reunião, o mandatário teria negado que o ministro seria alvo dessa pressão interna, mas concordou em criticá-lo pela entrevista ao Estadão no mês passado, sobre a regulação da internet.
Com isso, o ministro teria saído do encontro, sem saber os rumos que seriam tomados e se ele permaneceria ou não no cargo.
E foi neste mesmo domingo, logo após todo esse impasse, que o próprio presidente também fez duras críticas no Twitter contra a possibilidade de se regular os meios de comunicação:
“Em meu Governo a chama da democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, aí incluída as sociais. Quem achar o contrário recomendo um estágio na Coréia do Norte ou Cuba”, publicou.
Nassif