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Bebianno diz ser ‘impossível’ saber de esquema de laranjas nos estados.

Gustavo Bebianno e Jair Bolsonaro (PSL) no Roda Viva: próximos em 2018, ministro e presidente desgastaram-se neste início de governo

O ex-ministro e ex-presidente do PSL, Gustavo Bebianno, disse, em entrevista ao programa “Em Foco”, na GloboNews, que é “humanamente impossível” um presidente de partido “adivinhar” o que cada diretório estadual faz durante as campanhas eleitorais.

A entrevista com Bebianno, a respeito desse e de outros temas, vai ao ar às 21h30 desta quarta-feira (9) na GloboNews.

Bebianno era o presidente nacional do PSL durante a eleição do ano passado. Ele foi uma das figuras mais próximas ao presidente durante a campanha e atuou como um dos conselheiros do então candidato na disputa e coordenadores na campanha. Foi demitido do governo depois de vir à tona na imprensa as primeiras reportagens sobre candidaturas-laranja do PSL nas eleições.

Durante a entrevista ao “Em Foco”, Bebianno foi questionado sobre a possibilidade de o presidente de um partido, como ele em 2018, desconhecer um esquema de candidatos-laranja na sigla, como o investigado no PSL em Minas Gerais. Em 2018, o responsável pelo partido em Minas Gerais era o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Diante das investigações, o ministro l.

Bebianno respondeu à reportagem que considera que “a responsabilidade legal é de cada diretório regional”.

Indagado, então, se a responsabilidade era do atual ministro do Turismo, respondeu: “Evidente! O diretório regional é que monta a chapa. São as pessoas daquele estado que sabem os candidatos que têm viabilidade ou não”.

Ele foi questionado, então, por que ele, Bebianno, foi demitido devido ao caso e o ministro Marcelo Álvaro Antônio, não, o ex-ministro disse que a pergunta deveria ser dirigida ao presidente Jair Bolsonaro. E que, “particularmente”, não acredita que o ex-ministro tenha feito algo errado.

Veja trecho da entrevista:

Blog: O caso dos laranjas foi uma desculpa para o senhor sair do governo? Tinha como o presidente do partido não saber dessas candidaturas-laranja envolvendo mulheres do partido?

Bebianno: Uma campanha para um deputado federal, custa, em média, R$ 5 milhões, R$ 6 milhões. Qualquer pessoa que vá ao Google bota lá: “Qual o custo médio de uma campanha para deputado federal?”. R$ 5 milhões, R$ 6 milhões para um deputado federal. O PSL recebeu R$ 9 milhões para fazer o Brasil inteiro. O MDB foi o partido que mais recebeu e o PT foi o segundo. Os dois, em conjunto, receberam R$ 500 milhões para fazer a campanha. E o PSL recebeu R$ 9 milhões para fazer o Brasil inteiro. Desse dinheiro, o então candidato Jair Bolsonaro disse que não usaria nenhum centavo em benefício da sua própria campanha e trabalharia com recursos doados diretamente pelos seus eleitores, e assim foi feito.

E esses R$ 9 milhões foram distribuídos para o Brasil como um todo. Vamos pegar o exemplo de Minas Gerais: tem lá em torno de quase 900 municípios. Minas Gerais recebeu R$ 1 milhão. Então, veja que Minas trabalhou com pouco mais de R$ 1 mil para cada município e fez cinco ou seis deputados estaduais e cinco ou seis deputados federais. A minha tarefa, como presidente interino em nível nacional do PSL, era viabilizar e garantir a legenda para o Jair Bolsonaro e a minha função, que tomava o meu tempo, era percorrer o Brasil inteiro com ele, como chefe de campanha.

Então seria humanamente impossível eu adivinhar, ou qualquer pessoa do PSL em Brasília, adivinhar o que qualquer um, o que alguém estaria fazendo em Tocantins, em Roraima…

Blog: Mas de quem é a responsabilidade?

Bebianno: A responsabilidade legal é de cada diretório regional.

Blog: Então é do atual ministro do Turismo?

Bebianno: Evidente! O diretório regional é que monta a chapa, são as pessoas daquele estado que sabem os candidatos que tem viabilidade ou não.

Blog: Mas por que saiu o senhor e não saiu o ministro Marcelo do governo?

Bebianno: Essa pergunta tem de ser feita ao presidente. Particularmente, eu não acredito que o ministro Marcelo tenha feito algo de errado.

Blog: Mas e as candidaturas-laranja, esses recursos que estão sendo investigados?

Bebianno: Eu acho que essa… há duas investigações, uma em Pernambuco e outra em Minas Gerais. Eu não acredito que o Marcelo tenha feito alguma coisa de errado. Se algo de errado houve, tem de ser apurado. Agora essa responsabilidade é regional, ela é local. Humanamente impossível para qualquer presidente, de qualquer partido, saber o que cada diretório estadual está fazendo, no Amazonas, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Maranhão. É impossível, não tem como saber, e o presidente sabe disso. Quando falam de um esquema de laranjas do PSL, isso é uma falácia. Por que? Porque não havia matéria-prima para um esquema. Qual a matéria-prima para um esquema? É o dinheiro. O PSL não tinha dinheiro. O PSL trabalhou com R$ 9 milhões no Brasil inteiro, o que daria para fazer um deputado e meio. Justiça tem de ser feita: o Jair [Bolsonaro] quebrou um paradigma dos gastos de campanhas eleitorais.

Andréia Sadi

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