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Bolsonaro tenta barrar esvaziamento do Centrão

Deputado Artrhur Lira

O Palácio do Planalto interveio para manter unido o “blocão” de partidos de centro liderado na Câmara dos Deputados por Arthur Lira (PP-AL).

O deputado vem atuando como “líder informal” do governo, e demonstrou preocupação nos últimos dias com o encolhimento de seu grupo.

Após DEM e MDB anunciarem que vão deixar o bloco liderado por Lira, que deve cair de 221 para 158 deputados, outros partidos também ameaçaram sair, como PTB (11 deputados) e PROS (11). Eles devem formar um bloco com o PSL (53) e o PSC (9). Apesar de esse último não ser parte formal do grupo de Lira, atua em conjunto com o líder do PP na Câmara.

O assunto foi um dos tópicos de uma reunião com líderes no Palácio do Planalto na última sexta-feira com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política do governo de Jair Bolsonaro

Segundo interlocutores, o ministro fez um apelo para que os partidos continuem unidos na Câmara e argumentou que é de interesse do governo que o bloco fique forte.

A assessoria de Ramos afirmou que a reunião tratou apenas de votações em andamento na Câmara.

Nos bastidores, líderes de PTB e PROS ouviram que poderiam perder seus cargos no governo federal caso saíssem do bloco de Lira, segundo relato de aliados no Congresso.

O líder do PL, Wellington Roberto (PB), que atua em conjunto com Lira nas negociações políticas, nega que ele ou Lira tenham “ameaçado” parlamentares dos dois partidos.

— Isso não existiu. Ninguém perde o que nunca teve. Isso é coisa para tentar fragilizar o bloco — afirmou Roberto.

Após a intervenção dos líderes de PP e PL e de Ramos, o plano de criação de um novo bloco foi adiado. Mantendo unido o grupo liderado por ele, Lira se fortalece como candidato à presidência da Câmara no ano que vem.

O deputado André Ferreira (PE), líder do PSC, nega que tenha havido uma pressão do Planalto contra o novo bloco.

Ele diz que a criação do grupo foi adiada para não parecer que se tratava de um distanciamento entre o governo federal e esses partidos.

— Foi dada uma conotação muito exagerada à saída do MDB e do DEM. O bloco será criado, mas podemos aguardar a melhor hora para fazer isso, que não vá desgastar a estabilidade do país — diz Ferreira.

Líder do PSL na Câmara, Felipe Francischini (PR), também presente na reunião de sexta, afirmou que a criação do novo bloco é questão de tempo. Para o parlamentar, o partido só quer evitar as conotações dúbias de que a formação do novo bloco representa o enfraquecimento de Lira ou do governo.

Em reunião na semana passada, o líder do PP pediu que os partidos não saíssem do bloco e ouviu que precisava trabalhar mais pelos projetos de interesse de cada sigla agregada por ele, para que as propostas fossem votadas. O encontro foi positivo, segundo a avaliação dos presentes.

Desde março o governo abriu um balcão de negociações de cargos com partidos do bloco liderado por Lira.

O Planalto buscava apoio caso fosse aberto um processo de impeachment contra Bolsonaro, além de enfraquecer o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), visto como opositor.

O movimento rachou o chamado centrão, e o DEM e o MDB optaram por deixar o bloco de Lira após ele ter usado a liderança para tentar impedir a votação do (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), atendendo a pedido do governo.

A tentativa fracassou.

Agência de Notícias

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