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EXAME OBRIGATÓRIO PARA MÉDICOS RECÉM FORMADOS

Política de Saúde

AVALIAÇÃO CONHECIMENTOS

Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) iniciou uma campanha para colher assinaturas em apoio à obrigatoriedade do exame nacional para médicos recém-formados.

A caravana esteve na segunda-feira (5) em Franca (SP), primeira cidade do Estado a receber a ação.

Um projeto de lei sobre o assunto tramita no Senado desde 2017.

De acordo com o presidente do Cremesp Lavínio Nilton Camarim, o objetivo é levar 500 mil assinaturas ao Congresso e implantar, além do exame nacional, provas periódicas aos finais do segundo e do quarto ano do curso de medicina.

No entanto, o PL 165/17, de autoria do senador Pedro Chagas (PRB-MS), recebeu voto contrário do relator Otto Alencar (PSD-BA), que considera a prova incapaz de “averiguar, confiavelmente, o nível do conhecimento adquirido no curso de medicina.

Isso porque alunos sem a devida qualificação técnica poderiam ser aprovados, desde que estudassem, de forma direcionada, para o exame.”
Como justificativa, o relator cita ainda a “abertura irresponsável e indiscriminada de cursos de medicina, com projetos pedagógicos inadequados, currículos antiquados e docentes despreparados”.

Avaliação de recém-formados

Atualmente, apenas São Paulo, Goiás e Roraima promovem a avaliação. Segundo o Conselho, a prova é um instrumento importante para analisar a preparação dos estudantes e o ensino oferecido em universidades públicas e privadas.

“Hoje, a lei diz que ao terminar o sexto ano, o recém-formado tem que receber a carteira, mesmo se ele for reprovado no exame do Cremesp. O foco é de melhorar a qualidade para que o profissional médico se sinta protegido, porque saiu de uma boa formação, uma boa escola”, diz Camarim.

Em 2017, o índice de aprovação foi 21% maior em comparação ao resultado de 2016.

Pela primeira vez em dez anos, 64,6% dos avaliados acertaram 60% do total de 120 questões, média eliminatória. Os candidatos responderam a perguntas sobre clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria, ginecologia, obstetrícia, saúde pública, epidemiologia, saúde mental, bioética e ciências básicas.

O presidente do Conselho afirma que a melhora na nota se deve ao engajamento das universidades do Estado e dos próprios alunos.

Apesar disso, 88% dos recém-formados não souberam interpretar o resultado de um exame de mamografia e erraram a conduta terapêutica de uma paciente.

Outros 78% erraram o diagnóstico laboratorial de diabetes mellitus.

Exigência para obtenção de registro

Segundo Camarim, a obrigatoriedade do exame é necessária para que escolas de medicina e estudantes tenham parâmetros para assegurar o aproveitamento eficaz do conteúdo e do aprendizado.

A ideia, de acordo com o presidente, é contribuir para o desenvolvimento da educação.

Além da aplicação da prova decisiva aos recém-formados, o Cremesp propõe que os estudantes sejam avaliados em duas etapas, aos finais do segundo e do quarto ano da faculdade.

As avaliações seriam usadas para ajudar os alunos a perceberem as deficiências durante a trajetória acadêmica.
“Chamaremos de um exame de mudança, que dá tempo de você mudar de rumo.

Dá tempo de você orientar as faculdades e o próprio aluno, caso eles estejam com alguma deficiência. Eles farão a correção de rumo para que no final do 6º ano, o aluno faça a prova, que seria semelhante à da OAB.

Se você passar, você vai ter o seu diploma, a sua carteira profissional”, explica Camarim.

Ainda de acordo com o presidente, caso os estudantes sejam reprovados nas duas etapas anteriores ao exame definitivo, serão implementadas reciclagens para as áreas em que foi constatada a deficiência.

“A ideia não é ter cursinhos de aprendizados, mas, sim, reciclagens nas próprias faculdades formadoras, para que você possa depois prestar um novo exame. O exame será feito a cada seis meses.”

Redução de erros de diagnóstico e tratamento

Com o ensino mais criterioso, o presidente acredita que os profissionais devam estar melhor preparados, reduzindo as chances de falha no atendimento.

“Nós sabemos que, na medicina, o médico tem que estar bem preparado, porque ele pode não ter uma segunda chance de atender um paciente. Ele tem que estar realmente muito adequado para que não incorra em possíveis erros médicos”, diz.

No exame aplicado em 2017, os recém-formados foram consultados sobre a obrigatoriedade da aprovação para obtenção do registro profissional. Do total de inscritos, 83,2% disseram ser a favor da aplicação da prova.

Em oito anos, o Conselho estima que 34 mil novos médicos concluam a graduação no país.

“É um volume muito grande e estamos preocupados, porque a qualidade não está acompanhando a quantidade”, afirma Camarim.

A caravana do Cremesp seguirá pelas dez maiores cidades do interior do Estado e deve ser encerrada no mês de abril na capital.

CNM

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