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Extrema-direta de Bolsonaro avança para calar todos nós- e ainda achamos engraçado

Não precisamos (ainda!) da mesma violência de um AI-5 para nos mostrar que a era Bolsonaro já instituiu a censura estatal à arte – em especial a arte que questiona a narrativa espalhada pelo presidente da República, baseada no que ele mesmo acha, sobre o mundo e as pessoas.

Também não precisamos de uma Damares para nos mostrar que o fanatismo religioso – e não a fé raciocinada – guiam os materiais em produção aos nossos jovens sobre sexo, por exemplo.

Ideias que nem a Igreja Católica, uma instituição milenar, tolera mais, como o sexo tardio como método 100% eficaz contra a gravidez, desfazendo a importância da camisinha.

Wagner Moura denuncia que existiu censura de Bolsonaro direcionada ao lançamento do seu filme Marighella.

Não uma censura direta, um papel assinado dizendo que o Brasil não pode estrear o filme. Mas, uma censura diferente, burocrática.

Não há data para estreia dele no Brasil. E isso vai se tornando pior: porque outras produções entrarão em uma espécie de index bolsonarista.

Se a arte não for o papai e a mamãe, do fantástico mundo encantado daqui no estilo fake news, com Jesus pendurado em goiabeiras, não vai valer.

A extrema-direita, liderada por Bolsonaro, testa seus conceitos. Não começou a matar gente grande, de repercussão, que mexa na opinião pública. Vai matando fisicamente, e em massa, os pequenos grupos, como em Paraisópolis.

Sem comoção, vira-se a página. E a arte já sente isso.

Quando artistas correm o risco de perderem contratos publicitários ou de apoio estatal por causa de suas posições políticas – principalmente comunistas, esquerdopatas etc – já se avança o sinal da liberdade democrática.

A Constituição vira um papel passado, cartorial, uma burocracia sem valor na vida real.

Como citou Eduardo Alves da Costa:

“Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão,
e não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”

A extrema direita avança para silenciar todos nós.

Odilon Rios

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