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GLOBO: PSDB É INCONSEQUENTE E QUER “QUEBRAR” INSS

O jornal O Globo criticou nesta quarta-feira, 3, em editorial, a incoerência do PSDB ao apoiar o fim fator previdenciário para aposentadorias, mecanismo criado no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

 

“Ao agir de maneira inconsequente, como o PT nos tempos de oposição – ser contra tudo o que propõe o governo do “inimigo” -, o PSDB ajudou a aumentar o poder de destruição fiscal da bomba-relógio montada dentro do Regime Geral da Previdência, atenuado pelo próprio PSDB no governo FH, com o tal fator”, diz o texto da publicação comandada por João Roberto Marinho.

 

O jornal alertou que o Brasil já acumula despesa previdenciária de mais de 10% do PIB e que o melhor para o governo é aproveitar o impasse e logo propor a idade mínima para a aposentadoria.

 

“Haverá, inclusive, tempo para o PSDB refletir sobre a incoerência do seu comportamento no Congresso, e voltar a trabalhar para o INSS não quebrar na próxima geração”, diz o texto.

 

Leia na integra o editorial do jornal O Globo:

 

“Veto ao fim do fator previdenciário e incoerência do PSDB

Editorial O Globo

 

É sempre difícil, do ponto de vista político, cortar despesas ditas sociais, mesmo que seja apenas a redução do ritmo de crescimento dos gastos.

 

As pessoas tendem a pensar apenas no próprio interesse, e por isso cabe a seus representantes no Congresso agir com sensatez nos debates sobre os necessários ajustes.

 

Quando se trata de parlamentares com algum nível de responsabilidade e entendimento das dificuldades por que passa o país, é possível chegar a um acordo em que perdas podem ser minimizadas, mas o essencial é feito.

 

Foi assim na Alemanha, na reforma trabalhista do início dos anos 2000. E daí a solidez do país na crise.

 

O Brasil acaba de viver situação oposta na votação das medidas provisórias do ajuste fiscal, em que o Congresso se aproveitou para ir em sentido contrário: em vez de cortar gastos, Câmara e Senado aumentaram as despesas ao eliminar o fator previdenciário – calculado com base na expectativa de vida da população -, inclusive com o voto do oposicionista PSDB, em cujo governo foi criado o mecanismo para conter a onda de aposentadorias precoces.

 

Ao agir de maneira inconsequente, como o PT nos tempos de oposição – ser contra tudo o que propõe o governo do “inimigo” -, o PSDB ajudou a aumentar o poder de destruição fiscal da bomba-relógio montada dentro do Regime Geral da Previdência, atenuado pelo próprio PSDB no governo FH, com o tal fator.

 

O governo Dilma teve uma reação típica de Brasília: criou uma comissão para estudar o assunto.

 

Mas, se quer continuar com uma postura consequente diante da crise, a presidente precisa vetar a revogação do freio sobre aposentadorias por tempo de serviço de pessoas relativamente jovens.

 

Não é complexo o problema da previdência brasileira: a população está em processo acelerado de envelhecimento, e o INSS, o Regime Geral, precisa, por isso, que o contribuinte do sistema fique mais tempo no mercado de trabalho.

 

Na falta da fixação de uma idade mínima para o assalariado poder requerer o benefício, como em muitos países, o fator o estimula a continuar ativo, por oferecer uma aposentadoria mais elevada se ele se mantiver no mercado de trabalho.

 

O Congresso retirou o fator previdenciário para quem não chegar ao número 95 na soma da idade com o tempo de contribuição, nos homens, e 85, nas mulheres.

 

Um paliativo para o caixa do INSS, pois a tendência é haver um maremoto de despesas no sistema.

 

A situação é grave, porque o Brasil já acumula uma despesa previdenciária de mais de 10% do PIB, como muitos países ricos e de população mais velha.

 

Ou seja, o potencial do estrago fiscal nos próximos anos é grande. O melhor para o governo é aproveitar o impasse e logo propor a idade mínima para a aposentadoria.

 

Haverá, inclusive, tempo para o PSDB refletir sobre a incoerência do seu comportamento no Congresso, e voltar a trabalhar para o INSS não quebrar na próxima geração.”

 

Fonte: Editorial da Globo

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