Tempo - Tutiempo.net

Intervenção na PF eleva tensão no governo.

'Quem manda sou eu', diz Bolsonaro sobre escolha de novo chefe da PF no RJ. Foto: Divulgação

Os principais jornais do país destacam a interferência do presidente Jair Bolsonaro na superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro. A Folha de S.Paulo informa que as declarações do presidente causaram perplexidade dentro do órgão, dando início a uma espécie de queda de braço entre o Palácio do Planalto, a corporação e o ministro Sergio Moro (Justiça).

Nesta sexta-feira (17), Bolsonaro anunciou a saída do delegado Ricardo Saadi da chefia da superintendência no Rio de Janeiro, que já deixaria o cargo por vontade própria. O presidente também contestou o substituto escolhido pela direção-geral e deu como certa a nomeação de Alexandre Silva Saraiva, a quem conhece desde antes de se tornar presidente.

De acordo com o jornal paulista, a investigação do suposto elo entre milícias e a família do presidente, o chamado caso Queiroz, foi decisiva na troca de Saadi, embora ele não tivesse ingerência na apuração – já que os delegados do caso contam com a independência funcional.

Ao anunciar a mudança no posto da PF no Rio, Bolsonaro chegou a afirmar que os ministros têm liberdade, mas disse quem mandava no governo era ele. O jornal afirma que caberá ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, a quem a PF está subordinada, arbitrar o novo conflito da gestão, crucial para o futuro do órgão e a sua imagem de independência. “Bolsonaro intervém na PF e abre crise dentro do governo”, sublinha a manchete da Folha.

Ainda sobre a substituição da chefia da PF no Rio, O Estado de S.Paulo informa, na sua primeira página, que o comando da corporação pressionou Moro e que o ministro chegou a ser alertado de que estava prestes a perder o controle da PF. A crise só arrefeceu após o presidente recuar e declarar que aceita nomear o atual superintendente de Pernambuco, Carlos Henrique Oliveira Sousa, para a vaga.

Além da PF, o matutino lembra que, nos últimos dois meses, Bolsonaro interferiu na Receita Federal e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), os três principais órgãos de combate à corrupção do país e que, de alguma forma, cruzaram o caminho de sua família.

O Estadão aponta que o presidente já admitiu que, em alguns casos, agiu para defender parentes. Na Receita, ele determinou a substituição do superintendente no Rio e de delegados. A cúpula do Fisco avisou que não aceita indicações políticas e ameaça entregar cargos. No Coaf, que ficará subordinado ao Banco Central, o presidente Roberto Leonel, indicado por Moro, será substituído. “Intervenção de Bolsonaro gera crise na PF e na Receita”, diz o titulo principal do jornal.

O Globo também trata da crise na PF em sua primeira página, mas destaca na manchete a atual crise orçamentária: o governo tem a previsão de fechar os gastos federais de 2019 com o menor patamar em dez anos. Bolsonaro declarou nesta quinta-feira (16) que “o Brasil está todo sem dinheiro” e que “os ministros estão apavorados”.

Segundo O Globo, o governo alega um estrangulamento no orçamento em detrimento das despesas obrigatórias, especialmente com o pagamento de salários e aposentadorias. O jornal ouviu o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida. Ele afirmou que não pode ter mais concurso público no país ou reajustes para os servidores da União e dos Estados.

O matutino apurou que as chamadas despesas discricionárias, não obrigatórias, chegarão a R$ 95,4 bilhões no fim do ano, menor valor desde 2009. Nesse contexto Bolsonaro mencionou alternativas para aumentar a arrecadação, como a aplicação da medida provisória da Liberdade Econômica, que já foi aprovada pela Câmara e está aguardando o aval do Senado. “Bolsonaro: ‘O Brasil está todo sem dinheiro’”, aponta O Globo na manchete.

Matheus Leitão

OUTRAS NOTÍCIAS