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Maia, Temer, ministros e deputados discutem Previdência

O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Maia (PPS-BA) (Foto: Alessandra Modzeleski, G1)

Engajado na nova mobilização do governo federal para tentar aprovar a reforma da Previdência Social, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), organizou na manhã desta quinta-feira (9) um café da manhã em sua residência oficial para voltar a discutir com o presidente Michel Temer, ministros, deputados e senadores a elaboração de uma versão enxuta da proposta que altera as regras previdenciárias.

Após provocar uma instabilidade no mercado por conta da sinalização do início da semana de que havia “jogado a toalha” em relação à reforma, Temer voltou a articular nesta quarta (8) a aprovação do pacote de mudanças previdenciárias. Em um mesmo dia, o presidente da República coordenou duas reuniões com aliados e auxiliares para tratar do assunto.

O café da manhã desta quinta é mais um desdobramento deste esforço do Palácio do Planalto para evitar o sepultamento da reforma, tratada no início do mandato de Temer como uma das prioridades da gestão peemedebista.

O presidente da República chegou à residência oficial da Câmara por volta das 8h55 e deixou a mansão do Lago Sul uma hora e meia depois.

Participaram do café da manhã na casa de Rodrigo Maia, entre outros, os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Mendonça Filho (Educação) e o relator da reforma da Previdência na Câmara, deputado Arthur Maia (PPS-BA).

Nesta quarta, Arthur Maia declarou que está disposto a modificar o texto para o projeto ser aprovado, mas ressaltou que não abrirá mão da idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres para aposentadoria. O relator também disse esperar que o tema seja votado no plenário da Câmara até 15 de dezembro.

A novela da reforma

A reforma foi enviada por Temer ao Congresso em dezembro do ano passado e, em maio, a comissão especial que discutiu o tema aprovou o relatório de Arthur Maia. No entanto, no mesmo mês, a revelação do conteúdo das delações premiadas dos executivos do grupo J&F travou a tramitação da reforma na Câmara.

Desgastado e acuado pelas denúncias dos irmãos Batista, Temer perdeu força no parlamento e teve que concentrar energias e recursos para se manter à frente do Palácio do Planalto.

Além disso, a aproximação do ano eleitoral intensificou a falta de comprometimento dos parlamentares governistas com a proposta que altera as regras previdenciárias, tema espinhoso para defender em uma campanha eleitoral.

Sem dinheiro em caixa para atrair votos e sob ameaça de motim dos deputados do chamado “Centrão” por conta do espaço do PSDB no primeiro escalão, Temer deu uma declaração polêmica na última segunda (6), durante uma reunião com líderes governistas no Planalto.

Com o mapa de votos em mãos, o presidente da República afirmou aos aliados, em tom de desabafo, que se a sociedade e o Congresso não quiserem aprovar a reforma, “paciência”.

Impacto no mercado

A declaração de Temer foi interpretada por govenistas como um gesto de que o presidente havia “jogado a toalha” em relação à reforma.

Na última terça (7), em entrevista ao colunista  e da GloboNews Valdo Cruz, o peemedebista chegou a admitir que, “sozinho”, não conseguiria aprovar as alterações previdenciárias.

Ao final daquele dia, sob o reflexo de declarações dúbias de Temer e de integrantes do palácio, o mercado reagiu negativamente. O dólar subiu, e a bolsa de valores caiu.

Preocupado com o impacto no mercado, Temer divulgou ainda na terça-feira um vídeo afirmando que tem “toda a energia” voltada para a reforma da Previdência.

No dia seguinte à divulgação do vídeo no qual o presidente disse que estava empenhado na negociação do tema, o dólar abriu o dia em queda.

 Alessandra Modzeleski

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