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Michel Temer perde um ministro a cada mês

Quem será o próximo

Desde quando assumiu o poder no lugar de Dilma Rousseff, que foi derrubada pelo Congresso em maio, Michel Temer teve seis baixas em seu quadro de ministros, o que dá uma média de um afastamento por mês, número que já é considerado um recorde na história política recente do país.

Pela ordem, deixaram o governo Romero Jucá (Planejamento), Fabiano Silveira (Transparência), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Fábio Osório (Advocacia Geral da União), Marcelo Calero (Cultura) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).

O que essas baixas tem de comum é que decorreram de denúncias de desvios éticos ou de corrupção.

Esse cenário tornou-se ainda mais preocupante por causa do envolvimento do próprio presidente da República em graves acusações.

É o que resultou nas saídas de Geddel Vieira Lima e Marcelo Calero.

O ex-ministro da Cultura pediu demissão do cargo há pouco mais de 13 dias.

Em entrevista, Calero afirmou que saiu do governo após ter sido pressionado pelo então secretário de governo da Presidência da República, Geddel Vieira Lima, para que as obras de um edifício em Salvador no qual o próprio Geddel teria um imóvel fossem liberadas pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional), órgão subordinado ao Minc. Geddel assumiu ter conversado com Calero sobre o assunto, mas negou ter feito “pressão”.

Dias depois, Calero citou o próprio Temer na história, ao dizer que o presidente chegou a pedir que o processo fosse enviado para a Advocacia Geral da União (AGU), numa manobra para modificar a decisão do Iphan.

Foi o estopim para que Geddel pedisse demissão do governo na tentativa de diminuir o desgaste de Temer.

O ex-ministro Marcelo Calero chegou a gravar conversas com o presidente, além de Geddel e Eliseu Padilha (Casa Civil), mas os áudios, que já estão nas mãos da Polícia Federal e da Procuradoria Geral da República, ainda não vieram a público.

Se vierem, devem incendiar ainda mais a crise no governo. Por causa disso, o PSOL já ingressou na Câmara com pedido de impeachment contra Temer. PTe movimentos sociais devem fazer o mesmo nas próximas semanas.

Confira as outras demissões de ministros no governo Temer.

‘Estancar a sangria’
Ex-ministro do Planejamento e atual líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) foi o primeiro ministro do governo Temer a deixar o cargo, uma semana após ter sido nomeado.

Ele saiu depois da revelação de gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em que Jucá afirma que o impeachment de Dilma era necessário para “estancar a sangria” causada pela Operação Lava Jato, e impedir que ela atingisse outros políticos além dos petistas.

‘Advogado do diabo’

As gravações de Sergio Machado também derrubaram o ex-ministro da Transparência, Fabiano Silveira.

Ele aparece em áudios dando conselhos ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre como se defender das investigações conduzidas pela Lava Jato.

Um milhão para a eleição

Ex-ministro do Turismo e um dos homens mais próximos de Temer no governo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) pediu demissão do cargo depois de revelações feitas por Sergio Machado, em seu acordo de delação premiada junto à Lava Jato.

Segundo Machado, Alves teria recebido mais de R$ 1,5 milhão em doações eleitorais oriundas de propina paga por empresas investigadas pela Justiça.

Operação ‘Abafa’

O ex-advogado-geral da União Fábio Medina Osório foi demitido pelo presidente Temer em setembro após uma série de discussões com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Segundo Osório, o motivo das discussões foi um pedido feito por ele ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que a AGU tivesse acesso aos inquéritos da Lava Jato referentes a políticos com foro privilegiado.

Que chegou a dizer que o governo Temer quer “abafar” a Lava Jato.

A faxina de Dilma

No primeiro ano de seu primeiro mandato, em 2011, a ex-presidenta Dilma Rousseff chegou a demitir ou forçar o pedido de demissão de sete ministros.

Diferentemente de Temer, que tentou até o último momento manter Geddel Vieira Lima no cargo, mesmo com as graves acusações, Dilma não segurou a barra de seus auxiliares quando vieram à tona denúncias de corrupção.

A postura acabou rendendo à ex-presidenta um forte aumento de sua popularidade, que só viria a se deteriorar a partir de 2013, após as manifestações de junho.

A queda na popularidade, aliada à crise econômica e à perda de apoio no Congresso acabaram levando ao impeachment de Dilma, mesmo sem caracterização de crime de responsabilidade, como prevê a Constituição.

Pedro Rafael Vilela

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