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MONIZ BANDEIRA DIZ QUE CANDIDATURA DE MARINA DESRESPEITA HISTÓRIA DO PSB

O cientista político e especialista em política exterior do Brasil, Moniz Bandeira, enviou uma carta ao presidente do PSB, Roberto Amaral, criticando declarações e ações da presidenciável Marina Silva. Para ele, a candidatura da ex-senadora vai contra a história do partido socialista.

 

Moniz Bandeira afirma que sempre acreditou que a intenção de Marina nunca fosse de ser a vice de um candidato “com menor peso nas pesquisas” e que fez chegar seu alerta a Eduardo Campos, quem, segundo ele, Moniz e Marina Silvanão acreditou”.

 

Ao comentar que sua “premonição se realizou” como um acidente aéreo que matou o ex-governador de Pernambuco, ele diz: “de nada duvido”.

 

O Politólogo brasileiro Luiz Alberto Moniz Bandeira, residente na Alemanha, enviou a seguinte carta ao presidente nacional do PSB, professor Roberto Amaral:

 

Estimado colega, Prof. Dr. Roberto Amaral
Presidente do PSB,

 

A Sra. Marina Silva tinha um percentual de intenções de voto bem maior do que o do governador Eduardo Campos, mas não conseguiu registrar seu partido – Rede Sustentabilidade – e sair com sua própria candidatura à presidência da República.

 

O governador Eduardo Campos permitiu que ela entrasse no PSB e se tornasse candidata a vice na sua chapa. Imaginou que seu percentual de intenções votos lhe seria transferido.

 

Nada lhe transferiu e ele não saiu de um percentual entre 8% e 10%. Trágico equívoco.

 

Para mim era evidente que Sra. Marina Silva não entrou no PSB, com maior percentual de intenções de voto que o candidato à presidência, para ser apenas vice.

 

A cabeça de chapa teria de ser ela própria. Era certamente seu objetivo e dos interesses que representa, como o demonstram as declarações que fez, contrárias às diretrizes ideológicas do PSB e às linhas da soberana política exterior do Brasil.

 

Agourei que algum revés poderia ocorrer e levá-la à cabeça da chapa, como candidata do PSB à Presidência.

 

Antes de que ela fosse admitida no PSB e se tornasse a candidata a vice, comentei essa premonição com grande advogado Durval de Noronha Goyos, meu querido amigo, e ele transmitiu ao governador Eduardo Campos minha advertência.

 

Seria um perigo se a Sra. Marina Silva, com percentual de intenções de voto bem maior do que o dele, fosse candidata a vice.

 

Ela jamais se conformaria, nem os interesses que a produziram e lhe promoveram o nome, através da mídia, com uma posição subalterna, secundária, na chapa de um candidato com menor peso nas pesquisas.

 

O governador Eduardo Campos não acreditou. Mas infelizmente minha premonição se realizou, sob a forma de um desastre de avião.

 

Pode, por favor, confirmar o que escrevo com o Dr. Durval de Noronha Goyos, que era amigo do governador Eduardo Campos.

 

E o fato foi que conveio um acidente e apagou a vida do governador Eduardo Campos. E assim se abriu o caminho para a Sra. Marina Silva tornar-se a candidata à presidência do Brasil.

 

Afigura-me bastante estranho que ela se recuse a revelar, como noticiou a Folha de São Paulo, o nome das entidades que pagaram conferências, num total (que foi, declarado) R$1,6 milhão (um milhão e seiscentos mil reais), desde 2011, durante três anos em que não trabalhou.

 

Alegou a exigência de confidencialidade. Por que a confidencialidade? É compreensível porque talvez sejam fontes escusas. O segredo pode significar confirmação.

 

Fui membro do PSB, antes de 1964, ao tempo do notável jurista João Mangabeira. Porém, agora, é triste assistir que a Sra. Marina Silva joga e afunda na lixeira a tradicional sigla, cuja história escrevi tanto em um prólogo à 8a. edição do meu livro O Governo João Goulart, publicado pela Editora UNESP, quanto em O Ano Vermelho, a ser reeditado (4a edição), pela Civilização Brasileira, no próximo ano.

 

As declarações da Sra. Marina Silva contra o Mercosul, a favor dA subordinação e alinhamento com os Estados Unidos, contra o direito de Cuba à autodeterminação, e outras, feitas em vários lugares e na entrevista ao Latin Post, de 18 de setembro, enxovalham ainda mais a sigla do PSB, um respeitado partido que foi, mas do qual, desastrosamente, agora ela é candidata à presidência do Brasil.

 

Lamento muitíssimo expressar-lhe, aberta e francamente, o que sinto e penso a respeito da posição do PSB, ao aceitar e manter a Sra. Marina Silva como candidata à Presidência do Brasil.

 

Aos 78 anos, não estou filiado ao PSB nem a qualquer outro partido.

 

Sou apenas cientista político e historiador, um livre pensador, independente.

 

Mas por ser o senhor um homem digno e honrado, e em função do respeito que lhe tenho, permita-me recomendar-lhe que renuncie à presidência do PSB, antes da reunião da Executiva, convocada para sexta-feira, 27 de setembro.

 

Se não o fizer – mais uma vez, por favor, me perdoe dizer-lhe – estará imolando seu próprio nome juntamente com a sigla.

 

As declarações da Sra. Marina Silva são radicalmente incompatíveis com as linhas tradicionais do PSB.

 

Revelam, desde já, que ela pretende voltar aos tempos da ditadura do general Humberto Castelo Branco e proclamar a dependência do Brasil, como o general Juracy Magalhães, embaixador em Washington, que declarou: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil.”     

Fonte: Moniz Bandeira e B.247

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