Dias antes, soltara Renata Pereira Brito e Ricardo Honório Neto que, como os outros, haviam sido presos no dia 27 de Janeiro e todos, espalhafatosamente, conduzidos a Curitiba, com direito à exibição aos lado de policiais de negro com suas alegorias e adereços bélicos, contra os dois casais de detidos, com sua evidente capacidade de confronto físico.
Ah, assim, com direito também a uma foto com o “japonês da Federal”, acusado e preso por contrabando e que agora é o herói da moralização.
A pergunta inevitável é: porque tanto espalhafato com algo que poderia ter sido feito com intimações para depor e uma simples busca e arpeensão de documentos?
Ora, é carnaval!
Do nome de “Triplo X” às imagens dos presos sendo conduzidos, tudo é parte daquilo que o Dr. Moro chama, em suas teorias sobre a Operação Mãos Limpas italiana, em que faz a mais desavergonhada apologia da ilegalidade dos vazamentos do que deveria ser sigiloso, embora com o cuidado de não aparecerem seus autores, nas palavras “morais” que podem ser lidas no DCM:
“Os responsáveis pela operação mani pulite ainda fizeram largo uso da imprensa.
Com efeito: para o desgosto dos líderes do PSI, que, por certo, nunca pararam de manipular a imprensa, a investigação da ‘mani pulite’ vazava como uma peneira.
Tão logo alguém era preso, detalhes de sua confissão eram veiculados no ‘L’Expresso’, no ‘La Republica’ e outros jornais e revistas simpatizantes.
Apesar de não existir nenhuma sugestão de que algum dos procuradores mais envolvidos com a investigação teria deliberadamente alimentado a imprensa com informações, os vazamentos serviram a um propósito útil.”
Moro faz a espetacularização com objetivos que, a esta altura, são tão disfarçados quanto o “Triplo X” de operação evidencia seu alvo no triplex de que Lula é “acusado” de ter querido comprar.
E, como o espetáculo, nestes dias, é o Carnaval, Moro fez a sua folia, com a devida cobertura dos “jornais e revistas simpatizantes”, além da TV.
Que se reproduzem em sandices na internet que deixam a população tão “bem informada” que, ontem, tive de aguentar um sujeito no posto de gasolina dizer que o desconto no pagamento que as operadoras de cartão de crédito fazem do recebido pelo comerciante era “a Dilma que tomava”, que a lancha do dono da rede Manchete era do “Lulinha” e que ele, além da Friboi, tinha também comprado a operadora de telefonia Oi quando esta foi privatizada.
O Doutor Moro, quem diria – ele, com aquela cara ascética – virou um carnavalesco.
Fernando Brito