Tempo - Tutiempo.net

O pacto da selva

Na noite de ontem o Brasil perdeu décadas em minutos

Na noite de ontem o Brasil perdeu décadas em minutos, não mais do que as três ou quatro horas para que se votasse, impiedosamente, a amputação da CLT (que virou um toco de pouca serventia), o enterro de qualquer resto de credibilidade do Senado (onde é que se imagina votar em algo justificando-o com o prometido veto presidencial?) e, finalmente, o estabelecimento, como forma de vida no Brasil, do pacto da selva: mate-me ou eu o mato.

É onde nos levou um processo de radicalização que vem de longe, quando ser começou a transferir para os valores da vida social o que são valores típicos da vida empresarial: eficiência, competitividade, “competência” (em lugar de conhecimento, saber)  e, afinal, a entronização do mercado como governante supremo do país, como está acontecendo agora.

Bernardo Mello Franco, hoje, na Folha, diz o que explica tamanha maioria, avassaladora, no enforcamento dos direitos trabalhistas, ontem, no Senado:

Isso não ocorreu porque o governo Temer ainda tenha alguma força, mas porque a maioria ali representa interesses dos empresários, não dos trabalhadores. É o caso de Eunício, cujas firmas de limpeza, transporte e segurança têm contratos de mais de R$ 700 milhões com a União.

Não há mais os limites do pacto social entre capital e trabalho que, afinal, é o que representa há quase um século a legislação trabalhista.

E quando desaparecem os limites de convívio, tem-se a selvageria.

O Brasil vai a caminho de uma radicalização destrutiva. Tristemente, temo que nem a democracia, nem 2018 escapem dela.

Por Fernando Brito

OUTRAS NOTÍCIAS