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OS INTOCÁVEIS DA MÍDIA

Um dos problemas de escrever sobre política é nos obrigar, de vez em quando, a afirmar coisas idiotamente óbvias.

Por exemplo, uma corrupção não justifica outra. Se o PSDB é corrupto, isso não justifica, obviamente, defender a corrupção no PT.

Digo isso também porque entendo que há setores interessados em jogar lama sobre toda a política.

Ora, a política é podre no mundo inteiro.

É podre nos EUA, na Europa e na Ásia.

Talvez seja um pouquinho melhor na Suécia, mas demorou alguns milhares de anos para chegar lá, e o país teve que conquistar antes um nível de igualdade e justiça social que está anos-luz do resto do mundo.

Entretanto, mesmo com todos os seus defeitos, a política é o único anteparo que nos salva da barbárie e do caos.

A obra-prima de Costa-Gravas, o filme Z, mostra uma manifestação fascista contra políticos de centro-esquerda da Grécia que não queriam a instalação de uma base de ataque nuclear norte-americana no país.

Os fascistas, tentando impedir um comício pacifista organizado pela esquerda grega, gritavam:

“Políticos, todos corruptos! Políticos, todos corruptos!”

O filme de Gravas, baseado no romance do escritor grego Vassilis Vassilikos, é baseado em fatos reais da história da Grécia.

Um político de esquerda foi assassinado, e o Procurador-Geral da República, mancomunado com um punhado de golpistas, tentava de tudo para manipular a investigação, com objetivo de desqualificar a esquerda e seus representantes.

Tentava-se dar o golpe por dentro da democracia.

Até que, por fim, não foi possível dar o golpe por dentro da democracia, por conta de um juiz de instrução que não aceitou entrar no jogo.

Foram obrigados a apelar para a velha fórmula do golpe militar básico. Com ajuda do governo americano, claro.

Muito parecido com que aconteceu no Brasil, na mesma época, os anos 60.

No Brasil, isso parece não ser o problema. Os juízes entram no jogo alegremente. Aliás, até lideram as armações. Vide o caso dos ex-presidentes do STF, Ayres Brito e Joaquim Barbosa.

Ayres Brito estreiou este fim de semana como colunista do Estadão, detonando a esquerda e louvando o conservadorismo midiático.

Nada como uma sinecura da Globo para mudar a cabeça de um cidadão!

Joaquim Barbosa, após empregar seu filho no programa do Luciano Huck, na Globo, e comprar seu apartamentozinho em Miami (para o qual abriu a Assas JB Corporation, que tem seu apartamento funcional de Brasília como sede), também aderiu à onda global.

Sobretudo, temos uma imprensa alquímica, que consegue a proeza de transformar algumas delações premiadas em verdade, outras em mentira.

Por exemplo, o presidente do DEM, Agripino Maia, foi denunciado por um “delator” por ter recebido mais de R$ 1 milhão em propina.

Mesmo depois disso, aparece no Jornal Nacional fazendo ataques “éticos” ao governo.

Nunca houve um editorial, uma campanha midiática, contra Agripino Maia.

Ele integra o rol dos “intocáveis” da mídia.

Fonte: Miguel do Rosário

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