Cada vez mais se fala em impeachment na oposição. O senador Cássio Cunha Lima o defende, é atacado por isso, Aécio Neves sai em sua defesa: “não está no nosso programa mas falar em impeachment não é crime”.
Discrepante, apenas o governador Marcone Perillo, que defendeu Dilma: “ganhou, tem direito de governar”.
A maior parte dos petistas e aliados do governo acha que o impeachment está para valer na agenda do PSDB e sua coalizão.
Mas dentro da própria oposição há quem explique: ele vão bater bumbo sobre o impeachment como quem provoca o touro com o pano vermelho, para enfurecê-lo, desorientá-lo, leva-lo a cometer movimentos errados.
Na verdade, PSDB e aliados sabem que o impeachment é uma tática arriscada por algumas razões:
1. Ainda faltam os elementos jurídicos e políticos. Tudo bem que eles podem surgir, mas ainda assim, há outros pontos.
2. Um deles, o alto custo para o país, na forma de desorganização da economia, perda de credibilidade e exposição aos ataques especulativos, que sobrariam para o governo do sucessor, seja ele quem for.
Antes de dois anos de mandato, haveria nova eleição presidencial.
3. Para o PSDB, voltar ao poder na esteira de um impeachment não seria o melhor dos mundos.
Haveria sempre a sombra do “golpismo”, ainda que o afastamento fosse legal.
Assim, mesmo falando em impeachment, o jogo é novamente o da sangria.
Atazanar o governo Dilma, enfraquecê-lo até fazer dela o que os americanos chamariam “pata manca” (na comparação de presidentes fracos, geralmente em final de mandato, com “lame ducks”), ferir mais profundamente o PT em sua imagem e credibilidade e atingir, se possível ao ponto de tornar inelegível, o ex-presidente Lula.
Aí, sim, destas ruínas nacionais emergiria um governo tucano livre de qualquer questionamento.
É o que receitam os analistas políticos que refletem o pensamento tucano quando começam a fazer restrições ao impeachment.
Com Lula, a oposição apostou na “sangria” mas ele reagiu e reelegeu-se.
Dilma, porém, enfrenta outro quadro econômico e as próprias limitações. Não tem o carisma, a habilidade política e o poder de comunicação de Lula.
Nem por isso, preciso esperar imóvel pelos sangradores. Seu desafio agora é retomar a iniciativa política, que se passou do Executivo para o Legislativo.
Fonte: Tereza Cruvinel