Em coletiva, Lula afirmou que, desde a década de 1980, o mundo vem dizendo que quanto mais “livre comércio” melhor, mas quando países em desenvolvimento tentam uma abertura justa, vem o protecionismo dos ricos.
Lula também declarou entender Macron, mas que a França precisa ver o lado do Brasil em relação ao acordo.
Durante discurso em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que as novas exigências da União Europeia para ratificação do acordo UE-Mercosul soam como “ameaças” aos países sul-americanos, conforme noticiado, Lula fez as declarações durante a Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, o qual por sua vez deixou claro que não aceitará um acordo sem as garantias em termos de proteção do clima e da biodiversidade, e também alegou dificuldades internas com o setor agrícola nas negociações, segundo o jornal O Globo.
“O presidente da República [Macron] reiterou a importância de incluir garantias sobre o respeito dos compromissos com o clima e a biodiversidade, e de submeter os produtos importados às mesmas regras, especialmente a fitossanitária, às quais os agricultores europeus estão sujeitos”, disse um texto publicado pelo Palácio do Eliseu.
Na coletiva de imprensa, Lula disse que entende que a França precisa defender sua agricultura, mas que o Brasil precisa do mesmo.
“Da mesma forma que ele [Macron] tem de resguardar os interesses agrícolas dele, nós temos de resguardar os interesses das nossas pequenas e médias empresas.
Acho normal que a França queira defender a sua agricultura, mas é normal que eles também compreendam que o Brasil não pode abrir mão das compras governamentais, a possibilidade de fortalecer a indústria nacional e de permitir que pequenos e médios empresários possam produzir para os Estados comprarem chega a zero”, afirmou o mandatário.
Panorama internacional
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A mídia afirma que, em relação aos entraves de Macron no Parlamento francês, Lula prometeu ajudar.
“Se a gente puder conversar com nossos amigos [franceses] mais à esquerda para que seja aprovado um acordo, vamos fazer. Porque não é o protecionismo que vai ajudar.
É muito engraçado este mundo, porque dos anos 1980 para cá, tudo o que as pessoas falaram é que quanto mais abertura e mais livre o comércio melhor, mas quando chega a vez de os países em desenvolvimento competirem em igualdade de condições, os mais ricos viram protecionistas. Não tem nenhum sentido”, afirmou.
Na sexta-feira (24), Lula afirmou que “está doido pelo acordo UE-Mercosul”, mas que exigências impostas pelo bloco são “ameaça”, acrescentando que “não é possível, que nós temos uma parceira estratégica, e haja uma carta adicional que faça ameaça a um parceiro estratégico [o Brasil]”.
Reuters